É muito cedo levantar-se estado de emergência em Cabo Verde, diz PM
Praia, Cabo Verde (PANA) – O estado de emergência, que vigora em Cabo verde desde 29 de março último, até 17 de abril corrente, não pode ser dado como adquirido para já em Cabo Verde, apesar de o ultimo caso confirmado de Covid-19 (coronavírus) ter sido registado a 28 de março, declarou sexta-feira na cidade da Praia o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva.
Cabo Verde cumpre, nesta sexta-feira, o sexto dia, de 20 previstos, de estado de emergência para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas suspensas, acrescentou.
Durante uma conversa aberta, na capital cabo-verdiana, com representantes das regiões sanitárias, delegações de saúde, hospitais centrais e profissionais do setor da saúde, ele disse que o atual estado de emergência mantém o arquipélago cabo-verdiano fechado ainda a voos internacionais e à acostagem de navios, com exceção de cargueiros que transportem mercadorias para garantir o abastecimento do país.
O chefe do Governo cabo-verdiano explicou que “a saída depende (do estado de emergência) muito do controlo de situações de prevalência de contágios e de propagação do vírus, e regressamos à vida normal.”
Segundo ele, com seis casos positivos, nós agravamos as medidas de restrição com o estado de emergência.
Estas medidas não significam que não possa haver mais casos. Haverá mais casos positivos, mas haveria mais casos se não tivessemos tomado as medidas preventivas como temos estado a adotar, considerou.
Ulisses Correia e Silva justificou a preocupação de Cabo Verde, arquipélago com menos de 600 mil habitantes e dependente do turismo, pelo que está a acontecer “em muitos países desenvolvidos, com sistemas de saúde sofisticados.
A seu ver, isto demonstra o quão importantes são a prevenção e a tomada de medidas restritivas atempadas para evitar situações que possam colapsar o sistema de saúde e possam colocar em sérios riscos os profissionais de saúde.
Por isso, o apelo do primeiro-ministro é de novo à “disciplina” dos Cabo-verdianos nesta fase de estado de emergência, ficando em casa.
“Quanto mais podermos conter o número de infetados, menores pressões teremos sobre o sistema nacional de saúde, e mais fácil será salvar vidas”, anotou.
Entretanto, já na tarde desta sexta-feira, o diretor do Serviço de Prevenção e Controlo de Doenças, Jorge Noel Barreto, que substituiu, sexta-feira, o diretor nacional de Saúde, garantiu, numa conferência de imprensa diária sobre a pandemia, que Cabo Verde continua sem registar novos casos positivos de infeção por Covid-19.
Assim, Cabo Verde mantém-se com nove casos suspeitos de infeção (sete na Boa Vista, um na Praia e um em São Vicente), cujos testes de despistagem estão a ser realizados", esperando-se que os resultados sejam conhecidos neste sábado, avançou.
Quanto aos casos de quarentena domiciliar e de quarentena obrigatória, aquele responsável afirmou que, até ao momento, não foram detetados sinais de possível infeção entre as pessoas que estão nesta situação.
No entanto, garantiu, será feito um acompanhamento posterior, à medida que estas pessoas vão deixando o regime de quarentena.
Cabo Verde conta, até ao momento, seis casos confirmados de infeção por Covid-19 e uma morte, sendo a vítima um turista inglês de 62 anos de idade, que estava de férias na ilha da Boa Vista, e que foi o primeiro caso a ser confirmado em Cabo Verde.
Também o companheiro deste foi diagnosticado positivamente para a doença, referiu.
O terceiro caso, indicou, relaciona-se com uma turista holandesa, de 60 anos de idade, que estava de férias na Boa Vista.
Tanto esta como o cidadão britânico foram evacuados para os seus países de origem, ao passo que a vítima mortal foi enterrada na Boa Vista, segundo o responsável.
Os outros três casos são de cidadãos nacionais, sendo que um na Boa Vista, trabalhador de um dos hotéis que foi posto de quarentena, e dois, um casal, na cidade Praia, infetados depois de o marido ter passado um período de férias na Europa.
Sexta-feira também ficou a saber-se que as autoridades de saúde portuguesas diminuíram de 4 para 1 o número de casos dados como tendo sido importados de Cabo Verde, indicou o responsável.
-0- PANA CS/DD 03abril2020