Agência Panafricana de Notícias

África resiste melhor à crise, diz presidente do Banco Africano de Desenvolvimento

Paris, França (PANA) – África resistiu bem à crise económica, revela o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka, em entrevista concedida à revista pan-africana “Jeune Afrique” publicada esta segunda-feira.

África resistiu à crise económica melhor que se pensava graças a finanças públicas sãs, explicou nomeadamente Kaberuka, acrescentando que o outro fator foi que o custo do risco africano começa a ser avaliado ao seu justo valor pelos investidores.

Ele indicou, por outro lado, que os sistemas bancários e financeiros africanos foram melhor geridos que noutras partes do mundo.

"Eles resistiram bem à crise, graças a uma boa regulação, uma boa supervisão e mecanismos de resolução de dificuldades que funcionaram bem", sublinhou o presidente do BAD, revelando que "conhecemos falências à grande escala como se viu noutras partes".

Apesar da crise, a taxa de empréstimos não pagos do BAD não aumentou, afirmou Kaberuka.

Segundo ele, esta taxa de pagamentos em atraso de 14 porcento em 2005 contra 3,5 porcento em 2010 deve-se sobretudo às situações no Zimbabwe, no Sudão e na Somália.

“Pelo contrário, no setor privado, a taxa de pagamentos em atraso é muito insignificante”, indicou.

Além disso, Donald Kaberuka considerou que as revoltas que decorrem na África do Norte não iriam manchar a imagem do continente, porque, indicou, "não se deve confundir revolução com conflitos”.

Segundo ele, o que ocorreu no norte do continente vai no bom sentido, porque as revoluções podem conduzir a uma África melhor.

Pelo contrário, deplorou, o conflito ivoiriense faz recuar o país para 20 a 30 anos atrás.

O presidente do BAD indicou igualmente que África estava a financiar o seu próprio desenvolvimento.

"Para o financiamento do desenvolvimento africano, a ajuda pública ao desenvolvimento é de 40 biliões de dólares americanos por ano. Os meios próprios mobilizados por África são de 400 biliões de dólares americanos. Pode-se dizer, contrariamente ao que se ouve frequentemente, que o continente financia pouco a pouco o seu próprio desenvolvimento", acrescentou.

-0- PANA BM/JSG/MAR/IZ 14março2011