África quer $ 2,5 mil milhões para se conformar com Acordo de Paris, diz comissária
Luanda, Angola (PANA) - Os países africanos necessitam de um financiamento externo estimado em 2,5 mil milhões de dólares americanos entre 2020 e 2030 para implementar as suas contribuições determinadas ao abrigo do tratado global do Acordo de Paris (das Nações Unidas sobre o clima, assinado a 12 de dezembro de 2015, na França), da convenção do quadro das Nações Unidas sobre a mudança do clima, assegurou em Gyeonggi-do, na Coreia do Sul, a comissária da União Africana (UA), Josefa Correia Sacko.
A diplomata angolana, que intervinha num fórum de alto nível sobre a "aceleração do acesso ao financiamento verde e climático para África: parceria pioneira Coreia-África", disse que os fluxos atuais estão muito aquém, com o financiamento disponível que representa apenas 12 por cento do objetivo determinado no Acordo de Paris.
Josefa Sacko garantiu que o continente africano contribui anualmente com menos de quatro por cento das emissões globais de gases com efeito de estufa, mas, acrescentou que é a região mais vulnerável a sofrer alguns dos impactos mais desastrosos das alterações climáticas.
Essa situação, responsável pela vulnerabilidade de nove dentre 10 países a nível mundial, resulta de fatores como a elevada dependência da agricultura de sequeiro, o acesso desigual aos recursos financeiros e uma fraca capacidade de adaptação a estas mudanças, entre outros, de acordo com a diplomata.
Disse que o êxito na consecução de objetivos ambiciosos de redução das emissões depende, no entanto, da disponibilidade de um financiamento climático ou verde significativo, cujos níveis atuais são extremamente inadequados para uma transição justa em África.
Segundo ela, para colmatar tal desiderato, o continente precisa de ter acesso a recursos financeiros e técnicos sustentados provenientes de uma vasta gama de fontes, públicas e privadas, bilaterais e multilaterais, incluindo fontes alternativas inovadoras.
Para ilustrar o seu quadro de financiamento atual, referiu que África está a receber apenas 12 por cento do que necessita para gerir o impacto das alterações climáticas, cujas necessidades podem atingir cerca de 250 mil milhões de dólares por ano para ajudar os países africanos a adotarem tecnologias mais ecológicas e a adaptarem-se aos efeitos deste fenómeno para atingir o objetivo de zero emissões líquidas até 2050.
Tendo em conta os desafios ambientais prementes, a União Africana tem estado empenhada em impulsionar a transição ecológica do continente, promovendo o bem-estar ambiental, social e económico interligados.
Ligados a estes objetivos estão os vários planos emblemáticos, tais como a estratégia da UA para as alterações climáticas e o desenvolvimento resiliente, o plano de ação para a recuperação verde da União Africana (AU GRAP, sigla em inglês).
A Comissão da União Africana (CUA) está atualmente a trabalhar com diferentes parceiros regionais e globais para implementar estes planos ambiciosos através da mobilização de financiamento climático à escala que consta da sua estrategia, os programas como as zonas de comércio livre continental de África e a Agenda de Industrialização.
A CUA está a reforçar a capacidade dos Estados Membros para implementar eficazmente o plano de ação para a recuperação verde da UA (AU-GRAP), fornecendo assistência técnica, conhecimentos especializados e apoio institucional.
A CUA, em colaboração com o Global Green Institute e a Africa Capacity Building Fundation e com o apoio do Governo do Canadá, deu início à primeira fase de implementação do GRAP, primeira etapa deste plano de ação que envolve sete Estados membros (Côte d'Ivoire, Etiópia, Lesoto, Namíbia, Rwanda, Senegal e Zâmbia) e três Comunidades Económicas Regionais, precisamente a Comunidade da África Oriental, o Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
-0- PANA JF/DD 4junho2024