Agência Panafricana de Notícias

África defende criação de Estado palestiniano

Luanda Angola PANA - O Presidente da União Africana (UA), João Lourenço, voltou a defender a criação de um Estado da Palestina, com Jerusalém Oriental como a sua capital, soube a PANA de fonte oficial.

O Estadista angolano apresentou a posição de Angola  que, a seu ver, é  também a da UA, durante a sua participação na Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da questão da Palestina e Implementação da "solução de dois Estados (Israel ao lado da Palestina), realizada na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque (Estados Unidos) numa iniciativa da França e da Arábia Saudita.

“Esta é a posição da União Africana, que inclui, também, o princípio de que Jerusalém Oriental deve ser a capital do Estado da Palestina independente e soberano, e que a República de Angola está incondicionalmente alinhada com a organização continental africana neste esforço em que todos estamos empenhados para a resolução definitiva deste conflito”, acentuou.

João Lourenço lembrou que Angola, num ato que chamou de “coerência e de antecipação histórica”, “já havia reconhecido formalmente” o Estado da Palestina a 6 de dezembro de 1988.

Nesta conformidade, disse ver, “hoje, com satisfação”, que vários Estados-membros das Nações Unidas decidiram dar, também, um passo idêntico, que, como sublinhou, “vai reforçar o compromisso da comunidade internacional com o cumprimento das resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a criação do Estado da Palestina.”

O estadista angolano saudou o facto de a mesma comunidade internacional que, em 1948, decidiu criar o Estado de Israel, com todo o sentido de justiça, estar a dar, hoje, um passo que considerou “decisivo” para a criação do Estado da Palestina.

Esta decisão, referiu o chefe de Estado angolano, mostra a necessidade de se entender que o povo palestino tem igual direito de viver num Estado reconhecido internacionalmente, como membro de pleno direito das Nações Unidas, que reconhecerá e manterá boas relações de vizinhança e de cooperação com o vizinho Estado de Israel.

“Estamos a dar, assim, um passo gigantesco para a criação de fatores de paz, de estabilidade e de justiça no Médio Oriente, onde o fim do conflito que aí perdura há várias décadas representará uma inquestionável contribuição para a segurança mundial”, destacou.

O Presidente em exercício da UA  frisou que, neste contexto, a Declaração Política de Nova Iorque sobre a Resolução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da “solução de dois Estados”, adotada a 12 de setembro de 2025 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, assume uma relevância inquestionável, por ter demonstrado que existe um consenso internacional cada vez mais crescente sobre a necessidade de se acabar com a guerra em Gaza (Palestina), com base na efetiva implementação da ”solução de dois Estados".

João Lourenço salientou que este conflito, que dura há décadas e com um nível de violência incomum, não se resolverá, como todas as evidências o demonstram, com o recurso às armas, por mais sofisticadas que sejam.

Por essa razão, disse que a comunidade internacional, que tem cada vez mais consciência deste facto, deve usar, com urgência, todos os meios ao seu alcance para convencer os beligerantes de que a única saída para esta situação é a via do diálogo, para que se chegue a uma paz definitiva, na base da criação do Estado da Palestina e na da coexistência pacífica entre os dois povos.

Reiterou que África, em geral, e Angola, em particular, estão a acompanhar, “com profunda preocupação”, os "relatórios alarmantes sobre a situação humanitária catastrófica” na Faixa de Gaza, onde disse haver comunidades inteiras, incluindo crianças em elevado número, a sucumbirem diariamente à fome e a sobreviverem em condições sub-humanas.

“África, de uma maneira geral, e a República de Angola, em particular, temos uma posição firme de condenação ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações e, dentro deste princípio, condenamos a ação que resultou na morte e no sequestro de uma elevada quantidade de pessoas em Israel pelo Hamas (grupo islamita e terrista palestiniano), pelo que exigimos a sua libertação urgente e incondicional, como um passo para que se crie a distensão necessária ao diálogo”, declarou. 

 Repúdio à reação desproporcional de Israel com aviões caça.

A par do que chamou de “reprovação inequívoca” dos “atos de violência gratuita” praticados contra civis israelitas pelo Hamas, o estadista angolano repudiou, também, a reacção desproporcional do Estado de Israel com a utilização de aviões caça  bombardeiros, tanques e artilharia pesada não contra um exército convencional, mas contra a população civil e “indefesa” da Palestina, jornalistas, pessoal médico e funcionários das Nações Unidas e de organizações e agências humanitárias, com o pretexto de perseguir o Hamas.

“Condenamos, também, a instrumentalização da assistência humanitária como arma de guerra, pelo seu carácter profundamente desumano e dificilmente justificável”, asseverou.

João Lourenço disse ser urgente que, em presença deste drama, se lance um apelo à suspensão imediata de medidas que a obstruem e põem em causa os direitos fundamentais de milhões de palestinos, incluindo o direito à vida, à assistência médica e à alimentação.

“Vemos, com muita preocupação, os atos de guerra realizados de forma seletiva por Israel em vários países da região, em total desrespeito das normas do direito internacional e dos princípios e valores da Carta das Nações Unidas, que não produz outro efeito que não seja o de levar a um recrudescimento da tensão e da instabilidade no Médio Oriente, por destruir as perspetivas de resolução do conflito pela via do diálogo e da negociação”, destacou o hefe de Estado angolano e Presidente em exercício da UA.

-0- PANA JA/DD 23setembro2025