Agência Panafricana de Notícias

África chamada a eliminar barreiras comerciais para integração económica

Lagos, Nigéria (PANA) – O Banco Mundial (BM) instou os países africanos a suprimir as barreiras comerciais no continente, nomeadamente com os seus vizinhos, para realizar a integração económica e aumentar os redimentos comerciais.

De acordo com um relatório citado segunda-feira pelo jornal privado nigeriano "Guardian", o BM considera que as barreiras comerciais "privaram o continente de novas fontes de crescimento económico e de novos empregos, aumentando ao mesmo tempo a pobreza".

Ressalta ainda que as redes de produção, que apoiaram o dinamismo económico em outras regiões, nomeadamente na Ásia do Leste, ainda não foram concretizadas em África.

No seu relatório, o BM indica que vários países africanos perdem biliões de dólares americanos em receitas comerciais potenciais cada ano, devido a enormes obstáculos às suas trocas comerciais com os países vizinhos que tornam mais fácil para África fazer negócios com o resto do mundo do que consigo mesma.

"É evidente que África não atingiu o seu potencial relativamente ao comércio regional, apesar dos seus benefícios substanciais, nomeadamente a criação de mercados de envergadura, a diversificação das economias, a redução dos custos e a melhoria da produtividade", acrescenta o relatório.

O documento assinado pela vice-presidente do BM para África, Obiageli Ezekwesili, sublinha que os obstáculos ao comércio livre são enormes e afetam de modo desproporcional os pequenos comerciantes, maioritariamente mulheres.

"Cabe agora aos dirigentes africanos passar da palavra ao ato e trabalhar juntos para harmonizar as políticas, o quadro institucional e mobilizar os investimentos necessários para estabelecer um mercado regional forte à medida das aspirações do continente, dos seus habitantes e da sua economia de dois mil biliões de dólares americanos", exorta o relatório.

A este propósito, o documeto lembra que, até ao início da crise financeira, a maioria dos países da África Subsariana registaram um crescimento rápido e muitas vezes nitidamente superior à média mundial.

Por outro lado, prossegue, o crescimento económico nestes países foi forte e imputável à subida dos preços das matérias-primas, o que ocasionou um forte crescimento do valor das exportações, nomeadamente de minerais, com destino a novos mercados em forte expansão tais como a Índia e a China.

Acrescenta que, apesar de as exportações conhecerem um forte crescimento durante a última década e o comércio da região recuperar após a crise económica mundial, os impactos sobre o desemprego e a pobreza "foram dececionantes na maioria dos países".

A taxa de desemprego continua em tornou dos 24 porcento na África do Sul. Na Tanzânia, a extrema pobreza parece estabilizar-se em cerca de 35 porcento da população ativa.

O relatório sublinha que a fragmentação regional poderá até tornar-se mais cara para o continente, enquanto as previsões do BM parecem indicar que o abrandamento económico na zona euro poderá reduzir o crescimento de África em 1,3 porcento este ano.

Enquanto a situação da economia mundial permanece incerta e os mercados tradicionais da Europa e da América do Norte continuarão provavelmente estagnados, existem oportunidades consideráveis de trocas transfronteiriças de produtos alimentares, produtos manufaturados de base e serviços que continuam inexplorados em África, indica o Banco Mundial.

"Imaginem as vantagens que haverá em permitir aos médicos, aos enfermeiros, aos docentes, aos engenheiros e aos advogados trabalharem em qualquer lugar no continente (…) Mas são os próprios países os primeiros responsáveis pela concretização destas possibilidades", prossegue o BM no seu relatório.

Para o Banco Mundial, o objetivo último é ajudar os Africanos a trocarem bens e serviços entre si, sendo poucas as contribuições que "oferecem tanto potencial de desenvolvimento como esta missão".

Para pôr termo à fragmentação do comércio regional, o relatório recomenda aos dirigentes africanos melhorar o comércio transfronteiriço, nomeadamente para os pequenos comerciantes pobres que são maioritariamente mulheres, simplificando os procedimentos administrativos nas fronteiras.

-0- PANA SB/SEG/NFB/TBM/IBA/CJB/IZ 13fev2012