Alerta de bomba atrasa julgamento de genocídio rwandês em Bruxelas
Bruxelas, Bélgica (PANA) - O julgamento de Fabien Neretsé, acusado de participação, em 1994, no genocídio dos Tutsis (tribo minoritária) no Rwanda, iniciou-se segunda-feira em Bruxelas com três horas de atraso porque o Palácio de Justiça teve de ser evacuado devido a um alerta de bomba, constatou a PANA no local.
Engenheiro agrónomo em Kigali, Fabien Neretsé, de 71 anos de idade, é acusado de ter massacrado, a 9 de abril de 1994, um casal misto, uma Belga de raça branca, o seu marido, um Tutsi, os seus três filhos e várias outras pessoas, que tentavam refugiar-se no quartel dos Capacetes Azuis belgas, em Kigali.
Intercetados pelos Interhamwe, a milícia do então regime rwandês da época, o casal e os seus filhos foram abatidos, bem como todos os que fugiam com eles.
Fabien Neretsé, membro ativo dos Interhamwe do bairro onde moravam as vítimas, nega ter participado no massacre.
A Belga, identificada como Claire Beckers, residia, desde 1975 em Kigali, com o seu marido Tutsi rwandês, Isaie Bucyana.
Fabien Neretsé obteve o estatuto de refugiado político em França onde ele residia., tendo sido interpelado em 2011 e preso até à sua extradição para a Bélgica com vista ao seu julgamento.
Segundo a acusação, Fabien Neretsé teria participado noutros massacres, nomeadamente, no interior do país, na sua aldeia natal, onde ela havia criado uma célula dos Intehamwé.
Este julgamento é o quinto organizado na Bélgica no quadro do genocídio dos Tutsis rwandeses em 1994 pelos Hutus (tribo maioritária).
O mais retumbante foi o julgamento de cinco religiosas do Convento de Butaré, condenadas a pesadas penas de prisão por se terem recusado a albergar naquele recinto Tutsis que pediam para se refugiarem lá, fugindo dos massacres perpetrados por então extremistas Hutus rwandeses.
-0- PANA AK/JSG/FK/DD 5nov2019