PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
30 milhões de crianças africanas vivem na rua, diz UNICEF
Dakar, Senegal (PANA) – Trinta milhões de crianças em África vivem na rua de um total de 120 milhões no mundo inteiro, revelou quinta-feira o especialista de Proteção do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Yves Olivier Kassoka.
Yves Kassoka falava quinta-feira na capital senegalesa, Dakar, durante um ateliê organizado para os média.
No Senegal por exemplo, disse, 500 mil crianças são vítimas das "piores formas de trabalho" e das quais 23 porcento na fase etária dos seis aos 17 anos "estão envolvidas em atividades económicas, incluindo 34 meninas empregadas como domésticas com idade que variam entre os sete e os 18 anos”.
Segundo ele, o trabalho doméstico é o setor em que se encontra mais crianças trabalhadoras, envolvendo 69 porcento dos petizes.
“Vinte e cinco porcento das raparigas e rapazes, às vezes dos cinco aos 11 anos de idade, estão em situação de risco, enquanto sete mil e 600 crianças se dedicam à mendicidade na região de Dakar", disse, acrescentando que mais de 70 mil crianças errantes passam a sua vida na rua e praticam a mendicidade e outros trabalhos penosos”.
Ele considerou que este fenómeno é uma manifestação do mau tratamento das crianças sob várias formas, nomeadamente "a violência sexual, física, psicológica e a negligência, que assumem proporções alarmantes”.
A presença das crianças na rua deve-se às vezes ao facto de elas serem “confiadas” a tutores, aos maus-tratos, aos conflitos armados, a desentendimentos no seio do casal, à separação dos pais, à pobreza e a consequências ligadas às doenças sexualmente transimissíveis incluindo a sida, entre outras.
Por seu turno, o sociólogo Djiby Diakhaté atribuiu este fenómeno à própria "metamorfose da sociedade", explicando que "passamos duma sociedade tradicional no seio da qual a criança ocupava o centro da comunidade para uma sociedade moderna e materialista onde ela é cada vez mais marginalizada”.
As consequências na vida destas crianças são a vulnerabilidade a todas as formas de exploração e de mau-trato, perseguição, encarceração pela Polícia, delinquência, utilização e tráfico de droga, mendicidade, roubo e agressões armadas, entre outras.
A socióloga e escritora Rosalie Diop, autora da obra intitulada “Sobrevivência à Pobreza e à Exclusão: O Trabalho dos Adolescentes nos Mercados Urbanos em Dakar”, sublinhou, por sua vez, que as crianças "adotam essas atitudes para se adaptar ao contexto de crise".
Enquanto isso, o presidente da ONG Grupo de Ações contra a Violência Perpetrada contra as Crianças (GRAVE), Adama Sow, abordou a questão da prostituição das crianças e das adolescentes, bem como a violência sexual nos rapazes e nas raparigas.
“A prostituição infantil é o fenómeno mais desenvolvido em Dakar”, disse.
No mesmo sentido, o psicoterapeuta Thierno Sagna defendeu que a necessidade de se prestar muita atenção à assistência psicológica das vítimas destes atos, sobretudo se estes forem cometidos por uma pessoa próxima.
Os intervenientes situaram as responsabilidades desta situação que, no seu entender, depende ao mesmo tempo da família, da comunidade, do Estado e das instituições internacionais.
O ateliê foi organizado pelo UNICEF e pela Direção de Defesa e Proteção da Infância (DDPE) em prelúdio ao Dia da Criança Africana.
Este dia, que será celebrado a 16 de junho, tem por lema “Todos Juntos para Ações Urgentes a Favor das Crianças de Rua”.
-0- PANA SIL/AAS/SOC/MAR/IZ 10junho2011
Yves Kassoka falava quinta-feira na capital senegalesa, Dakar, durante um ateliê organizado para os média.
No Senegal por exemplo, disse, 500 mil crianças são vítimas das "piores formas de trabalho" e das quais 23 porcento na fase etária dos seis aos 17 anos "estão envolvidas em atividades económicas, incluindo 34 meninas empregadas como domésticas com idade que variam entre os sete e os 18 anos”.
Segundo ele, o trabalho doméstico é o setor em que se encontra mais crianças trabalhadoras, envolvendo 69 porcento dos petizes.
“Vinte e cinco porcento das raparigas e rapazes, às vezes dos cinco aos 11 anos de idade, estão em situação de risco, enquanto sete mil e 600 crianças se dedicam à mendicidade na região de Dakar", disse, acrescentando que mais de 70 mil crianças errantes passam a sua vida na rua e praticam a mendicidade e outros trabalhos penosos”.
Ele considerou que este fenómeno é uma manifestação do mau tratamento das crianças sob várias formas, nomeadamente "a violência sexual, física, psicológica e a negligência, que assumem proporções alarmantes”.
A presença das crianças na rua deve-se às vezes ao facto de elas serem “confiadas” a tutores, aos maus-tratos, aos conflitos armados, a desentendimentos no seio do casal, à separação dos pais, à pobreza e a consequências ligadas às doenças sexualmente transimissíveis incluindo a sida, entre outras.
Por seu turno, o sociólogo Djiby Diakhaté atribuiu este fenómeno à própria "metamorfose da sociedade", explicando que "passamos duma sociedade tradicional no seio da qual a criança ocupava o centro da comunidade para uma sociedade moderna e materialista onde ela é cada vez mais marginalizada”.
As consequências na vida destas crianças são a vulnerabilidade a todas as formas de exploração e de mau-trato, perseguição, encarceração pela Polícia, delinquência, utilização e tráfico de droga, mendicidade, roubo e agressões armadas, entre outras.
A socióloga e escritora Rosalie Diop, autora da obra intitulada “Sobrevivência à Pobreza e à Exclusão: O Trabalho dos Adolescentes nos Mercados Urbanos em Dakar”, sublinhou, por sua vez, que as crianças "adotam essas atitudes para se adaptar ao contexto de crise".
Enquanto isso, o presidente da ONG Grupo de Ações contra a Violência Perpetrada contra as Crianças (GRAVE), Adama Sow, abordou a questão da prostituição das crianças e das adolescentes, bem como a violência sexual nos rapazes e nas raparigas.
“A prostituição infantil é o fenómeno mais desenvolvido em Dakar”, disse.
No mesmo sentido, o psicoterapeuta Thierno Sagna defendeu que a necessidade de se prestar muita atenção à assistência psicológica das vítimas destes atos, sobretudo se estes forem cometidos por uma pessoa próxima.
Os intervenientes situaram as responsabilidades desta situação que, no seu entender, depende ao mesmo tempo da família, da comunidade, do Estado e das instituições internacionais.
O ateliê foi organizado pelo UNICEF e pela Direção de Defesa e Proteção da Infância (DDPE) em prelúdio ao Dia da Criança Africana.
Este dia, que será celebrado a 16 de junho, tem por lema “Todos Juntos para Ações Urgentes a Favor das Crianças de Rua”.
-0- PANA SIL/AAS/SOC/MAR/IZ 10junho2011