CPLP pode enviar delegação à Guiné-Bissau, diz seu chefe
Luanda, Angola (PANA) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) poderá enviar uma delegação à Guiné-Bissau para ajudar a resolver a crise político-militar no local, admitiu o Presidente da referida instituição, Carlos Manuel Vila Nova.
Numa declaração à Lusa (agência de notícias portuguesa), sexta-feira última em Lisboa (a capital do referido país), sobre esta matéria o também Presidente de São Tomé e Príncipe respondeu que "nós continuaremos a trabalhar e, se chegarmos à conclusão de que o envio da delegação é uma forma de ajudar a resolver mais rapidamente o problema (na Guiné-Bissau), optaremos por ela."
"Mas também pode ser que, perante a evolução dos acontecimentos e da nossa análise, possamos optar por uma outra solução", acrescentou o estadista são-tomense.
Esta foi a primeira vez que Carlos Vila Nova falou sobre o assunto e confirmou que a decisão seria tomada em função da evolução dos acontecimentos.
A CPLP já tinha apelado ao "respeito pelos princípios do Estado de direito democrático e da separação de poderes" na Guiné-Bissau.
Entre 30 de novembro último e 1 de dezembro corrente, houve controntos armados entre a Guarda Nacional, dependente do Ministério do Interior, e o Exército, que se saldaram em dois mortos na cidade de Bissau, a capital do país.
O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, falou numa tentativa de de golpe de Estado, anunciando de imediato a dissolução do Parlamento no país sujeito a uma instabilidade crónica.
No entanto, mantém nas suas funções o primeiro-ministro, Geraldo Matins (da oposição), mas recuperou os Ministérios do Interior e da Defesa.
O Estado-Maior General das Forças Armadas, ainda fiel ao Presidente da República, indicou, quarta-feira, que a Guarda Nacional passou desde então sob o controlo dos militares.
Todavia, o Parlamento e o Governo da Guiné-Bissau, incluindo o Ministério do Interior, dominados por adversários políticos do Presidente Umaro Cissoko Embaló, presidido por Domingos Simões Pereira, rival de longa data deste último, reiterou a sua oposição a esta medida.
"Apesar da tentativa de golpe de Estado, está fora de questão a dissolução da Assembleia Nacional (Parlamento). A nossa Constituição está clara. O Parlamento só pode ser dissolvido 12 meses depois da sua eleição", indignou-se Pereira no final de uma reunião da coligação liderada pelo seu Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Vwerde (PAIGC), maioritário na Assembleia Nacional.
Pereira denunciou a presença das forças de segurança desdobradas na Assembleia Nacional.
Disse convocar deputados para que vejam com os seus próprios olhos que estão a ser impedidos de acessar à Assembleia Nacional, o que, a seu ver, constitui um "golpe de Estado constitucional."
Quarta-feira última, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o general Biague Na Ntam, apresentou à imprensa, na sede da sua instituição em Bissau, dezenas de armas, alguns lança-foguetes e material de comunicação, utilizados por elementos da Guarda Nacional durante os confrontos.
O arsenal foi recuperado graça a "operações de limpeza" levadas a cabo pelo Exército nos dias seguintes.
A primeira dissolução do Parlamento bissau-guineense por Embaló, no poder desde 2022, remonta a junho de 2023.
Nessa altura, o chefe do Estado qualificou a casa das leis de "espaço de guerilha política e conspiração."
-0- PANA JA/DD 18dezembro2023