Agência Panafricana de Notícias

BM disponibiliza $ 2,3 mil milhões para sistemas alimentares fortes em África

Gyeonggi-do, Coreia do Sul - O Banco Mundial (BM) aprovou recentemente 2.300.000.000 dólares americanos para criar sistemas alimentares resistentes na África Oriental e Austral, declarou a comissária da União Africana, Josefa Correia Sacko.

A diplomata angolana que  intervinha num evento paralelo ao fórum sobre “ aceleração do acesso ao financiamento verde e climático para África: parceria pioneira Coreia-África, em Gyeonggi-do, na Coreia do Sul, realçou ainda a existência de um fundo no valor de 1.500.000.000 dólares junto do Banco Africano de Desenvolvimento destinados à produção de alimentos de emergência para as próximas quatro épocas de plantio, em resposta à guerra na Ucrânia.

“O Corno de África enfrenta uma crise de fome profundamente alarmante, uma situação não vista em pelo menos 40 anos, em resultado das alterações climáticas. O Sahel enfrenta a sua pior  crise alimentar dos últimos 10 anos, com mais de 27.000.000 pessoas a sofrerem de fome”, alertou.

A seu ver, são necessárias ações rápidas e decisivas para melhorar a situação e abordar principais desafios sistémicos a fim de garantir a segurança alimentar e nutricional no continente.

Na sua ótica, o continente deve tirar partido dos 60 por cento das terras agrícolas não cultivadas a nível mundial, com uma população jovem, vastos territórios oceânicos com 38 Estados costeiros e a recém-criado Acordo de Comércio Livre Continental Africano para reformar a agricultura, não só para alimentar os 2.400.000.000 pessoas até 2050, mas também todo o mundo inteiro

No tocante ao programa da agriclutura para os próximos 10 anos, a comissária da UA para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Abbiente Sustentável disse que está a ser desenhado um programa para  o desenvolvimento agrícola para África  que visa criar a autossuficiência para o pós-Declaração de Malabo a fim de  assegurar os  esforços de utilização dos recursos próprios do continente e salvaguardar a sua integridade e soberania.

Este empreendimento, cujos compromissos vão incorporar mecanismos progressivos para acompanhar sistematicamente o progresso em relação aos objetivos estabelecidos e realizar sessões regulares de responsabilização mútua.

Esta estratégia permitirá a transformação dos sistemas agrícolas e agroalimentares que vai exigir maior dedicação quanto ao papel das instituições encarregues de governar e implementá-lo.

“A experiência demonstrou que os países com organismos para-estatais dedicados, tendem a ter um melhor desempenho nos indicadores de  transformação da agricultura”, vincou.

Após duas décadas de implementação, Maputo (assinada em 2003, sob o lema "Dinamizar a agricultura africana" com a proposta de cooperação a nível continental e regional em matéria de desenvolvimento agrícola em África) e Malabo (assinada em 2014 com o compromisso de acelerar o crescimento agrícola e a transformação para partilha de prosperidade e melhoria de vida das populações em África), o CAADP (Programa de Desenvolvimento da Agricultura Abragente em África (CAADP, sigla em inglês) fez enormes progressos em termos de crescimento económico e agrícola.

Acrescentou a este leque a melhoria dos indicadores de diminuição da pobreza e dos resultados nutricionais, a expansão do comércio agrícola e o aumento do investimento público na agricultura.

Apesar destes progressos, acrescentou, subsistem desafios imensos, nomeadamente as sucessivas revisões bienais desde 2017 até hoje, que mostram que os progressos significativos registados nas últimas duas décadas, as ambições e aspirações do continente no âmbito das agendas de Maputo e Malabo não foram concretizados.

Segundo ela, estes desafios foram exacerbados pelas alterações climáticas, tensões e conflitos geopolíticos, pandemias de doenças e recessões económicas.

“Espera-se que este programa possa desencadear um novo impulso para a transformação dos sistemas agroalimentares em África, criando sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis”, defendeu Josefa Correia Sacko que termina o seu segundo mandato na Comissão da União Africana em março de 2025.

-0- PANA JF/DD 06junho2024