Agência Panafricana de Notícias

UA diz acompanhar com "profunda inquietude" situação em Madagáscar

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - O Comissão da União Africana (CUA) declarou acompanhar “com uma profunda inquietude” a evolução da situação política e de segurança em Madagáscar, soube a PANA de fonte oficial.

A declaração foi feita domingo último pelo presidente da CUA, Mahmoud Ali Youssouf, que aludia a movimentos no seio do Exército e a manifestações populares em Antananarivo, a capital malgaxe.

A sua intervenção aconteceu numa altura em que o Escritório do Presidente da República, Andry Rajoelina, declarou no mesmo dia, num comunicado, que estava em curso, em Madagáscar, “uma tentativa ilegal de tomada de poder  pela força, contrária à constituição e aos princípios democráticos.”

O alerta de Rajoelina segue-se igualmente a um apelo lançado sábado último por uma unidade militar malgaxe, designada CAPSAT, ao resto do Exército para se unir com os manifestantes.

Anunciou ao mesmo tempo que tomava o controlo do Exército, segundo a imprensa local.

A CAPSAT desempenhou um papel chave na ascensão ao poder de Rajoelina em 2009, mas a sua atual posição “faz pender a balança da crise política de 2025", segundo Tribune.com, um jornal malgaxe.

Porém, num comunicado publicado pelo Departamento da Comunicação da UA, o presidente da CUA congratulou-se o compromisso renovado do Governo a favor do diálogo.

Exortou a todas as partes malgaxes envolvidas, quer civis quer militares, a darem prova de calma e de moderação, privilegiando soluções pacíficas e consensuais para a situação atual.

Apelo ao respeito total pelos direitos e liberdades fundamentais de todos os cidadãos, se acordo com o mesmo comunicado.

Referia-se à situação que, no local, evoluiu muito rápido desde sábado último de noite, La situation quando o novo primeiro-ministro malgaxe, Ruphin Fortunat Zafisambo, anunciou que o Governo estava “mesmo pronto para escutar e empreender o diálogo com todas as fações, incluindo jovens, sindicalistas  ou o Exército.”

O Presidente da CUA recordou os princípios consagrados na Declaração de Lomé de 2000 e na Carta Africana da Democracia, relativa a eleições e à governação.

Reafirmou a solidariedade da União Africana com o povo e o Governo de Madagáscar, nestes tempos difíceis, e expressou a vontade da organização continental de apoiar os esforços nacionais e regionais com vista a um regresso rápido à normalidade institucional, à estabilidade e à consolidação da paz.

Madagáscar está confrontado com convulsões políticas desde 25 de setembro último, o início de manifestações levadas a cabo por jovens contra penúrias de água e de eletricidade.

A estas manifestações seguiram-se apelos lançados pela Geração Z para a demissão do Presidente Rajoelina, assim como para o fim da corrupção e uma reforma radical do sistema política.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 22 pessoas morreram no início das manifestações em setembro último.

Sexta-feira última, o alto comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos apelou às forças de segurança para “cessarem de recorrer a uma força inútil” contra os manifestantes que protestam há duas semanas contra cortes persistentes de água e de eletricidade, a carestia da vida, o desemprego e a corrupção.

"Recebemos informações inquietantes sobre casos contínuos de violência da autorida da gendarmaria contra os manifestantes, em particular em Antananarivo, alertou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, numa mensagem publicada na rede social X (ex-Twitter).

-0- PANA MTA/IS/SOC/DD 12out2025