Agência Panafricana de Notícias

Angola recorre ao CS da ONU para baixar tensão entre Rwanda e RDC

Luanda, Angola (PANA) - Angola solicitou, ontem, em Nova Iorque, o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas para levar a cabo o Processo de Luanda, destinado a desanuviar a tensão política entre o Rwanda e a República Democrática do Congo (RDC) e o alcance da paz definitiva no Leste daquele país vizinho.

O apelo foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, na sede da ONU, durante um almoço de trabalho com os membros daquele órgão especializado em manutenção da paz e da segurança internacional, a convite do seu homólogo da Serra Leoa, Alhaji Musa Timothy Kabba, para abordar a situação no Leste da RDC e o Processo de Luanda.

Téte António esclareceu que este posicionamento do Conselho de Segurança passaria por manter o firme apoio ao Presidente João Lourenço, enquanto facilitador designado pela União Africana para a busca da paz e segurança naquela região da RDC, e ao Processo de Luanda, que visa desanuviar a tensão política entre os dois países e o alcance da Paz no Leste da RDC.

O ministro das Relações Exteriores considerou ser crucial as partes continuarem a defender e a respeitar, de forma integral, o cessar-fogo acordado entre a RDC e o Rwanda, no dia 30 de Julho, em Luanda, e que entrou em vigor a 4 de Agosto do ano passado.

O chefe da diplomacia falou da cimeira tripartida Angola-Rwanda-RDC, que estava programada para ocorrer em Luanda, a 15 de Dezembro, e reuniria os Presidentes Félix Tshisekedi, da RDC, e Paul Kagame, do Rwanda.

Esta cimeira, referiu o ministro das Relações Exteriores, teria como fim considerar as conquistas realizadas no âmbito do Processo de Luanda, desde Março do ano passado, e o projecto de acordo apresentado pelo facilitador a ambas as partes, em Agosto de 2024. Téte António recordou, igualmente, que, durante a reunião ministerial, realizada a 14 de Dezembro de 2024, também na capital angolana, surgiram visões divergentes quanto à resolução da questão M-23, a única ainda pendente para finalizar e consolidar o projecto de acordo de paz.

Neste contexto, o chefe da diplomacia angolana expressou preocupação em relação à falta de consenso sobre esta questão "crucial" nas relações entre os dois países e lamentou, por outro lado, o adiamento da referida cimeira, após um pedido de última hora do Rwanda.

No entanto, o ministro das Relações Exteriores fez saber que a ocasião foi aproveitada para o Presidente João Lourenço reunir-se com o homólogo Félix Tshisekedi e o ex- Presidente do Quénia e facilitador do Processo de Nairobi, Uhuru Kenyatta, que viajou a Luanda para participar da cimeira.

País continua a fazer consultas diplomáticas

Apesar do adiamento da cimeira, Téte António informou que Angola continua a fazer as consultas diplomáticas com os dois países, a fim de explorar maneiras de superar a única questão restante sobre o M23. Sobre este particular, disse que o Presidente João Lourenço enviou uma mensagem ao homólogo Paul Kagame, a 18 de Dezembro, na tentativa de prosseguir com as consultas sobre a continuação do Processo de Luanda.

O ministro das Relações Exteriores manifestou, no encontro, profunda preocupação com a recente

escalada do conflito e a ocupação, pelo M23, de mais áreas, em particular na província do Kivu do Norte, como evidenciado pela ocupação de Masisi e o estabelecimento de administração paralela ilegal.

Essas acções, ressaltou Téte António, minam os esforços em curso para se alcançar a paz e a estabilidade duradouras no Leste da RDC,para além de representar violação flagrante e "inaceitável" do cessar-fogo. em vigor desde 4 de Agosto.

Apesar deste quadro, o chefe da diplomacia angolana destacou os progressos significativos alcançados pelo Processo de Luanda, nomeadamente o cessar-fogo de 4 de Agosto de 2024.

Outros encontros

O ministros das Relações Exteriores manteve, ainda ontem, à margem desta reunião, encontros de trabalho com o comissário da União Africana para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, o embaixador Bankole Adeoye, com quem analisou a questão do terrorismo e extremismo violento que propaga em várias regiões do mundo.

 Num outro momento, Téte António reuniu-se com o seu homólogo da Argélia, Ahmed Ataff, cujo país dirige, este mês de Janeiro, a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

-0- PANA JA/DD 23jan2025