Agência Panafricana de Notícias

África tem condições necessárias para se tornar em celeiro do mundo, diz UA

Luanda, Angola (PANA) - África tem todas as condições necessárias para se alimentar se tornar num celeiro do mundo, declarou a comissária da União Africana (UA) para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Correia Sacko.

A diplomata angolana, que se baseou na subutilização dos 60 por cento das terras aráveis de África, na sua população jovem e no seu bom ecossistema, nomeadamente rios e lagos, falava por ocasião de uma 3.ª conferência ministerial  da Iniciativa AAA, decorrida de 3 a 4 de maio corrente em Meknès, a leste de Rabat, a capital marroquina.

No seu entender, o continente deve tirar partido da Zona de Comércio Livre do Continente Africano (ZCLCA) para reduzir a fatura anual de 42.000.000.000 dólares americanos para produtos alimentares de forma a que este montante contribua significativamente para o desenvolvimento sustentável.

"Temos de aproveitar as oportunidades da ZCLCA para impulsionarmos o comércio intercontinental de alimentos nutrititivos. Mas temos de intensificar os esforços para removermos as barreiras comerciais e as tarifas para produtos agroalimentares", preconizou Josefa Sacko.

A seu ver, a questão atual é "como construir sistemas alimentares mais resilientes e modernizar a agricultura africana a fim de alimentar os 2.500.000.000 de pessoas até ao ano 2050?"

Para se satisfazer este desiderato, a comissária africana disse ser necessário aumentar a produtividade, analisar novamente a utilização de fertilizantes e do solo, intensificar o financiamento para a agricultura, tanto de fontes públicas como de privadas.   

Afirmou que a cimeira dos Sistemas Alimentares das Nações Unidas proporcionou a África uma oportunidade para transformar os seus sistemas alimentares.

"África foi o único continente que apresentou uma posição comum  através de um processo muito inclusivo. Devemos agora, todos, trabalhar arduamente para implementarmos as 43 soluções revolucionárias", preconizou Josefa Sacko.   

Reconheceu, no entanto, que África está no bom  caminho para cumprir as metas de segurança alimentar e de nutrição no quadro dos objetivos de desenvolvimento sustentável e das metas da declaração de Malabo (adotada em junho de 2014 na Guiné-Equatorial) de acabar com a fome, até 2025.

Segundo a sua visão crítica, um continente de 1.400.000.000 pessoas (África) não pode continuar a depender da Ucrânia, que tem uma população de apenas 43.000.000 de pessoas.

Um último relatório regional africano da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima em 276 o número de pessoas subnutridas em 2021, ou seja, um aumento de 50.000.000 registados no ano anterior. 

Além de Josefa Correia Sacko, participaram nesta conferência de Meknès o ministro de Agricultura, Pescas, Desenvolvimento Rural, Água e Florestas de Marrocos, Mohamed Sadiki, o da Biossegurança, Assuntos Marítimos e Rurais do Reino Unido, Lord Richard Benyon, o da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Côte d'Ivoire, Kobenan Kouassi Adjoumani, a secretária de Estado da Alimentação e Agricultura da Alemanha, Ophelia Nick, e o vice-ministro da Agricultura, Natureza e Qualidade dos Alimentos dos pPaíses Baixos, Guido Landheer.     

Lançada por Marrocos, aquando da COP22 (Conferência de Marraquexe das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, realizada pela primeira vez na referida cidade, de 7 a 18 de novembro de 2016), a Conferência Ministerial da Inciativa para a Adaptação da Agricultura Africana (Iniciativa AAA) tem como objetivo contribuir para a segurança alimentar africana e melhorar as condições de vida dos agricultores vulneráveis.

É também sua meta promover o emprego rural, encorajando práticas de adaptação à mudança climática, reforçando as capacidades dos atores e canalizando fluxos financeiros para agricultores mais vulneráveis.

Desde o seu lançamento da Iniciativa AAA, já se realizaram três edições sempre em Marrocos, tendo a primeira acontecido em Marraquexe (sudoeste), em setembro de 2016, em prelúdio da COP22 , a segunda na Universidade Politécnica Mohammed VI de Ben Guérir (sudoeste), em novembro de 2019, e a terceira de 3 a 4 de maio corrente em Meknès.

Desde que foi promovida, a Iniciativa AAA tornou-se num evento crucial para o desenvolvimento da agricultura africana.

-0- PANA JF/DD 16maio2023