Violentos combates reduzem sobremaneira ajuda humanitária no Sudão
Genebra, Suíça (PANA) - Violentos combates no Sudão reduziram sobremaneira a capacidade de distribuição de ajuda humanitária em vastas regiões do sudeste do país, alertou Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.
Numa declaração feita sexta-feira última, o PAM exprimiu a sua “profunda inquietude face à escalade dos combates” no Estado sudanês de Sennar, onde mais de 136.000 pessoas já fugiram dos seus lares, muitas vezes pela segunda e terceira vezes desde o início do conflito armado, a 15 de abril de 2023.
Até ao momento, a agência das Nações Unidas disse ter dado o seu apoio a 46.000 pessoas que fugiram para o Estado vizinho do Nilo Azul e a 3.000 outras que buscaram refúgio no outro Estado vizinho de Gedaref.
Fazendo o ponto da situação, o PAM declarou que a violência “afetou gravemente" operações em toda região, incluindo nos Estados do Nilo Branco e do Nilo Azul, de Kassala e Gedaref.
“Os combates em Sennar cortaram as principais vias de abastecimento de víveres e combustíveis no Estado, deixando os habitantes incapazes de acessar aos produtos de base”, lamentou o PAM, acrescentando que o seu centro logístico em Kosti, no Estado do Nilo Branco "está completamente cortado” de Port-Soudan, na costa, após a força paramilitar rival, a Força de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês), ter-se instalado lá a 29 de junho último.
“A rota entre Port-Soudan e Kosti (que passa pelo Sennar) está atualmente inaccessível”, prosseguiu a fonte, descrevendo o eixo como sendo “uma linha vital" para o encaminhamento da ajuda a centenas de milhares de pessoas no Sudão, incluindo numerosas comunidades ameaçadas pela fome nos dois Kordofans (norte e sul) e na região de Darfur (oeste do país).
Sempre no oeste do Sudão, a agência de ajuda humanitária assinalou que o encaminhamento da ajuda para Darfur, a partir do Tchad vizinho, interrompeu-se, segundo a mesma fonte.
“O ponto de passagem de Adre, a partir do Tchad, está sempre fechado, e ponto de passagem entre o Tchad e Darfur via Tine está inaccessível devido a fortes chuvas e inundações provocadas pela época chuvosa”, acrescentou.
A última distribuição de ajuda humanitária pelo PAM via Tine remonta aos meados de julho corrente, e numerosas zonas estão portanto privadas de ajuda, segundo o PAM que preconiza a abertura de todos corredores humanitários a fim de que as equipas finatrópicas possam alcançar aqueles que dela precisam.
Desde o início do ano, o PAM disse ter já socorrido mais de 4.000.000 de pessoas deslocadas no interior do Sudão, bem como refugiados e comunidades de acolhimento vulneráveis no país, das quais 1.4000.000 no decurso só de junho último, frisando no entanto que as necessidades são mesmo consideráveis.
“O Sudão conhece a maior crise de fome no mundo, devemos igualmente fornecer alimentos a esta escala”, alarmou-se.
Paralelamente, negociações entre os beligerantes no Sudão, designadamente as Forças Armadas do Sudão e as Forças de Apoio Rápido (rebeldes), a égide das Nações Unidas, terminaram sexta-feira última em Genebra (Suíça).
O enviado pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Sudão, Ramtane Lamamra, dirigiu estas negociações com representantes das Forças Armadas Sudanesas e das Forças de Apoio Rápido, tendo supervisionado cerca de 20 reuniões nestes sentido.
Num comunicado final, Lamamra declarou contar presentemente com as partes em conflito no Sudão para ilustrarem a sua vontade de se comprometer, com ele, com vista a progressos tangíveis no terreno no Sudão, onde cerca de 10.000.000 de pessoas foram desenraizadas por 15 meses de guerra e onde humanitários alertam para a fome, doenças e combates se aproximam da população.
-0- PANA MA/BAI/IS/DD 22julho2024