Agência Panafricana de Notícias

Venda de bebidas alcoólicas a menores preocupa autoridades em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – A ministra cabo-verdiana da Administração Interna, Marisa Morais reiterou quarta-feira, na cidade da Praia, a necessidade de um controlo cerrado sobre a venda de bebidas alcoólicas a menores, um fenómeno que assume proporções cada vez mais preocupante em Cabo Verde.

Um inquérito divulgado em maio passado sobre o uso de substância psicoativa aponta que o álcool é a droga lícita mais consumida na camada juvenil, ou seja, 11,5 porcento da juventude inicia o consumo antes dos 15 anos.

Apesar de haver leis que proíbem a venda e o consumo de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, o álcool está cada vez mais presente na rotina dos jovens que, muitas vezes, sem conhecimento dos pais, têm acesso livre a bebidas em festas, discotecas e bares.

Marisa Morais alerta para o facto de haver muitos menores que deambulam pelas ruas das cidades consumindo bebidas alcoólicas e muitos vendedores, em alguns casos, não assumem as suas responsabilidades vendendo os produtos a quem não deviam.

Por isso, a governante considera que o perigo de venda de bebidas alcoólicas a menores “está sempre presente”.

Marisa Morais garante que da parte do Governo não haverá tolerância sobre esta questão pelo que “os comerciantes devem estar cientes de que a lei existe e é para sempre cumprida, e em caso de incumprimento as autoridades tem de agir em conformidade”.

A ministra responsável pela segurança interna do país reconhece que, apesar de a Polícia Nacional ter vindo a fazer o controlo da venda de bebidas alcoólicas a menores, é necessário todos estarem vigilantes porque o assunto é da responsabilidade de toda a sociedade.

Na opinião de especialistas sobre esta problemática, um dos factores que levam os jovens a iniciarem com alguma precocidade o consumo de álcool em Cabo Verde é o de ordem cultural.

“Não se tem muita informação sobre os males que o álcool pode fazer nas crianças e nos jovens. E a essa cultura, em que os pais acham interessante colocar à criança um dedo molhado de bebidas alcoólicas para ver a cara que a criança faz, e ela vai se habituando”, frisa o psiquiatra Manuel Faustino.

Para este especialista, também os jovens começam a beber mais cedo por causa de muitas interferências da própria sociedade.

Essas interferências, disse, possibilitam ao adolescente escolher entre o consumo ou não de álcool, uma vez que, ao mesmo tempo em que os jovens sabem dos riscos das bebidas alcoólicas, eles têm o incentivo, tanto da publicidade como de seus amigos.

“A publicidade é um dos elementos que complica, e não é por acaso que, cada vez mais se associam o consumo do álcool a atividades ligadas aos jovens, como festivais, concursos, entre outros.

Esses fatores, segundo o especialista, “não ajudam a combater este problema”.

-0- PANA CS/IZ 13fev2014