Várias organizações interpelam ONU sobre desaparecimento forçado de jornalista em Moçambique
Paris, França (PANA) - Dezessete organizações de direitos humanos e de liberdade da imprensa pediram às Nações Unidas, sexta-feira, a abertura de uma investigação independente e imparcial sobre o desaparecimento forçado, desde 7 de abril passado, de Ibraimo Mbaruco, jornalista da rádio comunitária, em Palma, aldeia da província do Cabo Delgado, no nordeste de Moçambique.
As organizações enviaram uma carta aberta, em abril, ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, exortando-o a abrir uma investigação completa e transparente para esclarecer o caso, indicou a Repórteres Sem Fronteira (RSF) sexta-feira.
Contudo, prossegue, "nem o Exército e nem os representantes políticos reagiram até agora, continuamdo todos os pedidos de explicações sem resposta”.
"O silêncio das autoridades em torno deste caso é intolerável para os parentes deste jornalista desaparecido há três meses, mas estamos determinados a estabelecer toda a verdade para saber o que aconteceu com ele.
"Não é a primeira vez que os jornalistas foram maltratados, atacados, até presos e mantidos incomunicáveis nesta região abalada por uma insegurança crescente nos últimos anos", declarou Arnaud Froger, chefe do gabinte da RSF em África.
A província do Cabo Delgado, sob domínio duma insurgência islâmica desde 2017, é regularmente palco de confrontos entre o Exército e os insurgentes que fizeram várias centenas de mortos e milhares de deslocadas.
As autoridades moçambicanas impedem os jornalistas de irem ao local para informar sobre a situação.
Diante da falta de reação das autoridades moçambicanas, a RSF interroga-se se Ibraimo Mbaruco morreu ou se estará detido e com quem estaria durante a sua última aparição e, em caso detenção, quais seriam os motivos?
Ibraimo Mbaruco, desaparecido a 7 de abril e que precisou na sua última mensagem enviada estar "cercado por soldados", não foi encontrado e, do comandante da Polícia da província ao procurador da República de Moçambique, nenhuma das autoridades moçambicanas informadas sobre este caso forneceu qualquer informação sobre o que aconteceu ao jornalista.
A RSF e três outras organizações acabaram por contactar o grupo de trabalho das Nações Unidas sobre os desaparecimentos forçados ou involuntários.
-0- PANA BM/BEH/MAR/IZ 05julho2020