Variante Delta da covid-19 já circula em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – As autoridades sanitárias de Cabo Verde anunciaram terem evidências científicas que comprovam a circulação da variante Delta do coronavírus, no país, mais precisamente na ilha de Santiago.
Segundo o diretor nacional da Saúde, Jorge Noel Barreto, foram enviadas 16 amostras para exame no Instituto Pasteur, em Dakar (Senegal), do qual resultou um relatório que identifica quatro casos positivos à variante Delta.
Jorge Noel Barreto falava na habitual conferência de imprensa para fazer o ponto de situação da evolução epidemiológica no país.
Ele esclareceu ainda que, embora a variante tenha sido detetada nas amostras da ilha de Santiago, provavelmente, ela já estará a circular também nas outras ilhas do arquipélago.
Por isso, indicou que o Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) vai continuar a enviar amostras para análise, e assim prosseguir a vigilância das variantes do SARS-CoV-2 no país.
Até ao momento, das variantes de maior preocupação, Jorge Barreto avançou que Cabo Verde já identificou duas, sendo primeiramente a Alpha e agora a Delta (B.1.617.2).
"Essa possibilidade sempre existia, não era descartada", salientou o porta-voz do Ministério da Saúde, para quem o pico no país, em abril e maio, foi efeito já da variante Delta que já estava a circular no arquipélago, mas que ainda não estava identificada.
Outra hipótese, prosseguiu, é que a variante tenha entrado recentemente no país, prevendo, por isso, uma situação de agravamento da pandemia nos próximos tempos.
"Esperemos que não. Esperemos que a primeira hipótese seja aquela que já aconteceu", prognosticou Jorge Barreto, que aproveitou para pedir às pessoas para continuarem a adotar as medidas de prevenção "com rigor" e a vacinarem-se "o mais rapidamente possível".
"Para evitar que, havendo um descontrolo da situação epidemiológica, nós tenhamos que desdobrar esforços para conseguirmos dar vazão à campanha de vacinação e também aos casos que poderão surgir num maior número", pediu.
Em caso de surgimento e aumento de casos da variante Delta no país, o diretor nacional de Saúde prevê dias "bastante complicados" e um "grande esforço" dos profissionais de saúde e do Estado, em termos económicos, para conseguir dar resposta às pessoas que vão ficar doentes.
"Sinceramente, espero que o efeito da variante Delta já tenha passado em abril e maio", afirmou o técnico de saúde, considerando que a vacinação poderá ajudar, numa altura em que o país já aplicou metade das cerca de 409 mil doses de vacinas recebidas desde março.
A variante Delta do coronavírus tornou-se na nova fonte de preocupação no combate à pandemia da covid-19, mesmo entre países com ritmo avançado de vacinação.
Ela está por trás de uma nova onda de infeções em Israel, Reino Unido, Estados Unidos e países asiáticos, como China e Indonésia.
No Reino Unido, por exemplo, a Delta já responde por mais de 90 por cento dos novos casos, enquanto, no Brasil, já são mais de 200 infetados e 20 mortes por essa variante.
Estudos recentes apontam que essa nova versão do coronavírus é muito mais transmissível e tem maior probabilidade de evadir o sistema imunológico, responsável pelas defesas do organismo humano.
Na habitual análise dos últimos 14 dias, o diretor nacional de Saúde de Cabo Verde avançou que a taxa de infeção foi de 86 casos por 100 mil habitantes, enquanto no mesmo período anterior era de 100 por 100 mil habitantes.
O mesmo responsável realçou uma diminuição de casos positivos, bem como da taxa de positividade, esperando que situação se mantenha para que as autoridades de saúde possam ter algum controlo e focar as atenções na campanha de vacinação, que considerou ser prioridade neste momento.
O país registou, segunda-feira, 26 novas infeções pelo novo coronavírus e leva 15 dias sem registo de óbitos, num total de 298, até 25 de julho.
De um acumulado de 34.078 casos positivos, desde o início da pandemia, no país, 33.330 foram considerados recuperados (97,8%) e há ainda 429 casos ativos.
-0- PANA CS/IZ 09ago2021