Valas comuns com 180 corpos descobertas no Sahel burkinabe
Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - Valas comuns com pelo menos 180 corpos foram descobertas em Djibo, uma cidade do norte do Burkina Faso (Sahel), e as evidências sugerem a implicação das forças de segurança governamentais em execuções extrajudiciais em massa, denunciou esta quinta-feira a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).
"O Governo deverá pedir a ajuda das Nações Unidas bem como de outros parceiros a fim de proceder às exumações apropriadas, restituir os corpos às famílias e pedir contas aos responsáveis”, indicou a HRW.
Os habitantes da cidade de Djibo que viram os corpos sem vida declararam à HRW que os mortos, todos homens, foram abandonados entre novembro de 2019 e junho de 2020 por grupos de três a 20 conforme os casos, ao longo das estradas principais, sob pontes, bem como em campos e terrenos baldios.
Os corpos sem vida foram descobertos num raio de cinco quilómetros do centro de Djibo.
Os habitantes enterraram a maioria dos corpos em valas comuns, em março e abril, enquanto outros ainda não foram sepultados.
Eles indicaram que acharam que a maioria das vítimas foram homens pertencentes às etnias Fulani ou Fula, identificados pelas suas roupas e caraterísticas físicas, e que muitos deles foram encontrados de olhos vendados, mãos atadas e abatidos.
Vários habitantes declararam que eles conheciam algumas vítimas, das quais membros das suas próprias famílias.
"As autoridades do Burkina Faso deverão desvendar com urgência quem fez de Djibo um terreno de execuções sumárias”, afirmou a diretora da HRW para a África Ocidental, Corinne Dufka.
"As informações existentes designam as forças de segurança governamentais, então é essencial realizar inquéritos imparciais, recolher corretamente provas e informar as famílias sobre o que aconteceu aos seus próximos”, indicou a responsável da HRW.
-0- PANA TNDD/JSG/SOC/FK/IZ 10julho2020