UNESCO pede inquérito sobre morte do jornalista camaronês Samuel Wazizi
Paris, França (PANA) - A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, apelou às autoridades camaronesas para esclarecer as circunstâncias da morte em detenção do jornalista Samuel Wazizi, apresentador do canal Chillen Media Television (CMTV).
O jornalista estava preso desde 2 de agosto de 2019, mas a sua morte só foi reconhecida a 5 de junho último pelo Ministério camaronês da Defesa.
"Estou gravemente preocupada com as circunstâncias em torno da morte de Samuel Waizi. Apelo às autoridades para esclarecer os acontecimentos que conduziram ao seu desaparecimento, garantindo que qualquer violação dos seus direitos de jornalista e de recluso seja levada ao conhecimento da justiça”, declarou Azoulay esta quarta-feira, num comunicado.
A nota cuja cópia foi transmitida à PANA, em Paris.
Samuel Wazizi foi detido por ter feito críticas à gestão da crise anglófona nos Camarões. Detido num local secreto por militares, ninguém conseguiu entrar em contacto com ele desde então, nem mesmo os membros da família, muito menos os seus advogados.
A cadeia privada Equinoxe TV revelou, a 2 de junho último, a morte de Samuel Wazizi em detenção, citando “fontes próximas da alta hierarquia militar”.
A notícia veio mais tarde a ser confirmada pelo presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas Camaroneses e depois diretamente à Repórteres Sem fronteiras (RFS) por uma fonte militar muito próxima do dossiê.
Um comunicado lido a 5 de junho nas antenas da Radiotelevisão Pública Camaronesa (CRTV) e assinado pelo chefe de Comunicação do Ministério da Defesa reconheceu, 10 meses depois dos factos, a morte de Samuel Wazizi.
Na altura, o Ministério da Defesa explicou que a morte teria resultado “de uma sepsia severa” e não de um “qualquer ato de tortura”, precisando que o jornalista faleceu a 17 agosto de 2019, no Hospital Militar de Yaoundé, ou seja, quatro dias após a sua transferência para a capital política do país.
A RSF rejeitou imediatamente estas explicações, qualificando-as de "indecentes e inaceitáveis” e indicou que as circunstâncias da morte do apresentador da CMTV merecem um inquérito imparcial e independente que envolva uma autópsia, pois, sublinhou, Samuel Wazizi estava de boa saúde no momento da sua detenção.
-0- PANA BM/BEH/FK/IZ 17junho 2020