Agência Panafricana de Notícias

UA relativiza responsabilidade da Guiné-Bissau por tráfico de droga na África Ocidental

Paris, França (PANA) – O representante especial da União Africana (UA) na Guiné-Bissau, Ovídio Pequeno, afirmou esta terça-feira em Paris ser "injusto" apresentar este país como principal porta de entrada da droga na África Ocidental.

"A Guiné-Bissau é com certeza um ponto de passagem, mas ela é também vítima duma rede internacional. Não se combate eficazmente este flagelo acusando um país vítima deste flagelo", afirmou o representante da UA em entrevista à PANA.

Segundo Ovídio Pequeno, ex-ministro santomense dos Negócios Estrangeiros, a Guiné-Bissau carece dos meios humanos, financeiros e técnicos para controlar o seu território.

"É um país que possui 96 ilhas que o Estado central não tem meios de controlar. Portanto, é totalmente normal que os traficantes aproveitem esta fraqueza do Estado para desenvolver as suas atividades. Se quisermos atacar-nos verdadeiramente a esta droga devemos agir sobre a procura e a proveniência”, acrescentou o representante da UA em Bissau.

Cerca de 50 toneladas de cocaína, num valor de um bilião 800 milhões de dólares americanos, circulam ilegalmente cada ano em África, indica um estudo recente do Observatório Sahelo-Sariano de Geopolítica e Estratégia (OSGS).

Transportada por diferentes meios de transporte na África Ocidental, a cocaína passa pelo norte do Mali, pelo sul da Argélia, pelo norte do Níger, pelo sul da Líbia e pelo Egito para chegar à Europa, conforme o itinerário reconstituído pelo OSGS, um organismo instalado em Bamako, no Mali.

Vários outros países da África Ocidental, dos quais a Guiné-Bissau, Cabo Verde, a Guiné e o Senegal, registam um forte progresso do tráfico e várias apreensões de droga.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Controlo Internacional das Drogas (PNUCID), a droga faz pairar graves incertezas sobre a paz e a estabilidade na África Ocidental, em particular na Guiné-Bissau.

-0- PANA SEI/AAS/FK/TON 02abril2013