Agência Panafricana de Notícias

UA indecisa sobre participação do Zimbabwe na próxima cimeira

Addis Abeba- Etiópia (PANA) -- A União Africana (UA) anunciou terça- feira em Addis Abeba não saber, até agora, quem será designado para representar a República do Zimbabwe na XII Cimeira prevista para 1 de Fevereiro próximo na metrópole etíope.
O presidente da Comissão da UA, Jean Ping, declarou que a organização tomará uma decisão definitiva somente quando o secretariado tiver recebido a autorização do Zimbabwe confrntado presentemente com uma crise política.
Um acordo de partilha do poder assinado entre o Governo e o Movimento para a Mudança Democrática (principal partido da oposição) em Setembro último ainda não foi aplicado por causa do desentendimento entre as duas partes sobre a partilha de "pastas ministeriais chaves", referiu.
"Convidamos os Governos e não os indivíduos.
Cabe aos Governos decidirem quem virá a esta reunião a fim de que lhe concedamos uma acreditação.
É preciso esperar que os Zimbabweanos nos digam algo neste sentido", declarou Ping.
O presidente da CUA indicou que não ficará surpreendido se vir o Presidente zimbabweano, Robert Mugabe, tomar parte na próxima cimeira dos chefes de Estado que, pela primeira vez, durará três dias em vez de dois.
"Não posso confirmar quem vém para o Zimbabwe.
Estamos num dilema por não sabermos a quem atribuir os crachás reservados aos representantes do governo.
Que eu saiba, Mugabe nunca se ausentou de nenhuma cimeira da UA", declarou Ping.
"A cimeira deste ano é crucial para África pois será a ocasião de tomar decisões definitivas sobre a formação de um governo continental e sobre o desenvolvimento das infra-estruturas a fim de acelerar a integração socioeconómica do continente", acrescentou Ping.
O diplomata gabonês proferiu estas declarações um dia após o anúncio pela Comunidade de Desenvovimento da África Austral (SADC) de um calendário em três etapas com vista a tirar o Zimbabwe do impasse que o colocou numa crise humanitária marcada por uma epidemia de cólera responsável pela morte de três mil pessoas além de ter infectado mais de 60 mil outras.
Durante as negociações desta semana, presididas pelo Presidente sul- africano, Kgalema Mothlante, foi decidido que o Parlamento zimbabweano ratifica o acordo de partilha de poder a partir de Fevereiro, o que deverá permitir a Morgan Tsvangirai (líder da oposição) ser empossado como primeiro-ministro a 11 de Fevereiro próximo.
O Zimbabwe, outrora vitrina da estabilidade económica e da segurança alimentar do continente negro, começou a mergulhar na crise há cerca de uma década quando o Presidente Mugabe começou a confiscar as terras dos Brancos para as distribuir aos negros sem terras e sem recursos financeiros para manter o ritmo da produção agrícola.