UA desenvolve plano estratégico para construir sistemas alimentares resilientes
Luanda, Angola (PANA) - A Comissão da União Africana (CUA) desenvolveu um plano estratégico com vista a responder às necessidades alimentares atuais e mobilizar investimentos para a construção de sistemas alimentares resilientes em África, anunciou em Washington D.C, a Comissária da UA Josefa Correia Sacko.
A diplomata africana fez este anúncio no centro de convenções de Washington DC, a capital norte-americana, no âmbito da Cimeira Estados Unidos e África, decorrida de 13 a 15 de dezembro corrente.
Josefa Sacko garantiu nessa ocasião que a estratégia contempla duas iniciativas, designadamente a Aliança Global para a Segurança Alimentar liderada pela Alemanha, e a Missão de Resiliência Alimentar e Agrícola apoiada pela França.
Para o efeito, ela frisou que, no âmbito de intervenções imediatas, a CUA trabalhou com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) na criação de um plano, para o continente, de produção de emergência alimentar, no valor de 1.500.000.000 dólares americanos para ajudar os Estados Membros da UA a aumentarem a produção de trigo, arroz, milho e soja durante as próximas quatro estações de plantio.
A fim de reforçar a estratégia de ação de médio e curto prazos, com o intuito de resisitir aos choques, o orgão executivo da organização pan-africana identificou cinco prioridades-chave, precisamente o aumento da produção alimentar para que África possa alcançar a soberania alimentar, a redução das perdas pós-colheita estimadas em entre 20 e 30 por cento para algumas mercadorias, segundo a comissária da UA.
Outro aspeto que deve reforçar a resiliência alimentar tem a ver com o investimento na agricultura inteligente, em termos climáticos, para produzir tecnologias a fim de os agricultores promoverem o comércio intra-africano de bens e serviços agrícolas, facilitando assim a circulação de alimentos de uma parte excedentária para uma parte deficitária do continente.
Da mesma estratégia consta ainda o reforço da responsabilidade mútua através do mecanismo de revisão bienal do Programa Compreensivo de Desenvolvimento da Agricultura (CAADP, sigla em inglês), para melhorar a qualidade do planeamento e reforçar o diálogo político.
“A nossa abordagem para que isto aconteça é através do apoio aos Estados membros da UA e às comunidades económicas regionais na conceção de planos de investimento agrícola nacionais e regionais que incorporem as prioridades do plano de negócios da UA e do CAADP Malabo (Guiné-Equatorial) 2022-2025 e a posição comum sobre sistemas alimentares da cimeira da ONU (Organização das Nações Unidas)”, defendeu a comissária.
Declarou que, no âmbito do reforço do plano de ação, no tocante aos fertilizantes e à saúde do solo, está prevista para junho de 2023, no Senegal, uma Cimeira Africana com o objetivo de mobilizar os líderes africanos para fornecerem apoio político e recursos financeiros necessários a fim de enfrentarem as baixas taxas de aplicação de fertilizantes e a degradação dos solos em África.
O plano de 10 anos vai consumir 2.800.000.000 dólares americanos a serem desembolsados pelo Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes (IFDC, sigla em inglês), conjuntamente com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a Rede Africana de Institutos de Investigação em Política Agrícola (ANAPRI) e a Aliança para uma Revolução Verde em África (AGRA).
Josefa Sacko fez saber que a UA já começou a refletir sobre a agenda pós-Malabo,.
Urgem para tal preparativos com antecedência, especialmente peças analíticas que irão informar sobre prioridades para 2026-2036, sendo que este trabalho deve ser desenvolvido pelas instituições técnicas IFPRI, AGRA, Akademiya2063 e FAO, para que os estudos sejam feitos e concluídos em 2024, deu a conhecer.
-0- PANA JF/DD 21dez2022