Agência Panafricana de Notícias

UA contra decisão do Mali, do Burkina Faso e do Níger de se retirarem da CEDEAO

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - O Presidente da Comissão da União Africana (CUA), Moussa Faki Mahamat, lamentou profundamente o anúncio da saída do Mali, do Níger e do Burkina Faso da Comunidade Económica  dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), soube a PANA de fonte oficial.

Num comunicado divulgado tercá-feira última em Addis Abeba, na Etiópia, Faki exortou aos líderes da sub-região a intensificarem o diálogo com os três países.

O diplomata tchadiano ao serviço pan-africano apelou à conjugação de todos os esforços para que sejam preservada  "a unidade insubstituível da CEDEAO" e reforcada "a solidariedade africana."

O seu apelo é extensivo aos líderes regionais para que intensifiquem o diálogo entre os líderes da CEDEAO e os três países acima mencionados, afirma o comunicado.

Para o efeito, Faki manifestou a disponibilização da sua instituição para qualquer assistência, ao seu alcance, para "garantir o sucesso da lógica do diálogo fraterno longe de qualquer interferência externa."

A Nigéria, que exerce a presidência rotativa da CEDEAO, criticou os líderes militares dos três países pela sua decisão de se retirarem do bloco sub-regional.

A declaração da Nigéria assinada pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Francisca Omayuli, recorda que "a CEDEAO tem trabalhado para promover a paz, prosperidade e democracia na região.

“A Nigéria apoia a CEDEAO enfatizando "o devido processo e o compromisso comum de proteger e melhorar os direitos e o bem-estar de todos os cidadãos dos Estados-membros”, lê-se no mesko documento.

A reação da CUA segue-se a um anúncio, feito domingo último, dos três países em apreço, que estão sob regimes militares, de que saíram da CEDEAO, com efeitos imediatos, por esta última se ter alegadamente afastado dos ideais dos seus pais fundadores.

Numa declaração lida pelo coronel Amadou Abdramane, porta-voz da junta nigerina, os três países alegam que, "após 49 anos, a valente CEDEAO afastou-se dos ideais dos seus pais fundadores. Constatamos lamentavelmente e com grande deceção, que a organização se afastou dos ideais dos seus pais fundadores e do espírito do pan-africanismo."

Acrescentou que a organização não conseguiu ajudá-los na sua "luta existencial contra o terrorismo e a insegurança.”

Porém, num comunicado publicado domingo último, a CEDEAO afirmou que os três países continuam a ser membros importantes e que os chefes de Estado e de Governo dos mesmos "continuam empenhados em encontrar uma solução negociada para o impasse político."

Na mesma senda, a Comissão da CEDEAO, Num comunicado emitido em Abuja,a capital Federal nigeriana,  afirmou que, sob a égide dos chefes de Estado e de Governo da sub-região, estam tem trabalhado afincadamente com os três países em causa para a restauração da ordem constitucional neles.

“A Comissão da CEDEAO continua atenta aos desenvolvimentos e fará novas declarações de acordo com a evolução da situação", indica o documento.

Reconheceu todavia ter recebido, segunda-feira última, cartas oficiais dos três países nas quais manifestaram a sua decisão de deixarem a CEDEAO.

Por sua vez, num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Nigéria disse estar a trabalhar com sinceridade e boa-fé para reunir todos os membros da família da CEDEAO a fim de resolverem as dificuldades encontradas no espaço comunitário.

No entanto, sublinhou que “está agora claro que aqueles que pretendem sair da Comunidade não partilham esta mesma boa-fé.”

“Os líderes não eleitos assumem uma postura pública para negarem aos seus povos o direito soberano de fazerem escolhas fundamentais sobre a sua liberdade de circulação, a sua liberdade de comércio e a sua liberdade de escolher os seus próprios líderes”, indignou-se a Nigéria.

Apelou finalmente à comunidade internacional para continuar a apoiar a CEDEAO para resolver esta crise.

-0- PANA MA/BAI/JSG/MAR/DD 31janeiro2024