Agência Panafricana de Notícias

Tunísia acusa França de "ingerência" nos seus assuntos internos

Túnis- Tunísia (PANA) -- A Tunísia interpelou a União do Magrebe Árabe (UMA) e à União Africana (UA) por "atentado à sua soberania" e "ingerência nos seus assuntos internos" por parte de algumas autoridades francesas, declarou o Presidente tunisino reeleito, Zine El Abidine Ben Ali.
Num discurso pronunciado quinta-feira, em Túnis, por ocasião da sua investidura, Ben Ali aludiu às tomadas de posição registadas em França para denunciar "atentados às liberdades e aos direitos humanos" na Tunísia.
O porta-voz do Ministério francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Valero, chegou mesmo a falar de um apelo lançado pelo seu país aos demais governos europeus para uma concertação sobre a detenção do jornalista tunisino Taoufik Ben Brik.
Autor de artigos descritos como "muito virulentos" contra o regime de Ben Ali, o jornalista foi detido depois da agressão duma mulher e preso na prisão de Mornaguia, perto de Túnis, esperando comparecer a 19 de Novembro corrente diante do Tribunal Correccional de Túnis para responder por essa acusação.
O chefe de Estado tunisino que falava ao Parlamento reunido em sessão extraordinária depois do seu juramento, na sequência da sua reeleição para um quinto mandato consecutivo de cinco anos, rejeitou vigorosamente "qualquer ingerência nos assuntos internos", do seu país, notanto que a Tunísia "não permite a ninguém atacá-la ou buscar, através do engano e da intriga, prejudicar o seu prestígio".
"A Tunísia aceita de bom coração a crítica construtiva e a divergência de opinião, e mantém-se fiel e dedicada à sua independência, à sua soberania e à sua liberdade de decisão.
Por isso, rejeita qualquer ingerência nos seus assuntos internos", insistiu.
Para o estadista tunisino, a tal ingerência vai "além do atentado à soberania do nosso país para afectar igualmente a soberania da União do Magrebe Árabe e da União Africana às quais pertencemos".
Ben Ali disse esperar ver estas duas organizações adoptarem "a posição que se impõe e a erguerem-se contra estes abusos contrários ao princípio do respeito pela soberania dos Estados e de não- ingerência nos seus assuntos".
Na mesma ocasião, o Presidente Ben Ali acusou abertamente os opositores tunisinos de recorrer à imprensa e a partes estrangeiras para "manchar a imagem do seu país".
À sua saída do Parlamento, ele foi interpelado por um jornalista a respeito do apelo de clemência lançado pelo presidente fundador do "Nouvel Observateur", Jean Daniel, sobre o caso do jornalista Ben Brik.
Na sua resposta, ele disse que se abstinha de interferir na Justiça, mas não excluiu a eventualidade de tomar depois uma medida de graça a favor do jornalista, cujos próximos dizem que ele está doente.