Três mulheres vencem Prémio Nacional de Jornalismo 2019 em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - As jornalistas cabo-verdianas Sara Almeida (imprensa escrita), Ângela Monteiro (Radio) e Maria da Luz Neves (Televisão) venceram o Prémio Nacional de Jornalismo 2019 (PNJ), anunciou sábado a Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC).
O galardão vem dotado de uma quantia de 500 mil escudos cabo-verdianos (cerca de 4,545 mil euros) para cada laureada.
A AJOC, entidade que constitui o júri para a escolha dos vencedores, revelou que a jornalista Sara Almeida, do semanário “Expresso das Ilhas”, venceu na categoria Imprensa, com a reportagem “União de facto na adolescência: meninas-mulheres ou a vida antes do tempo”.
Na categoria Rádio, a jornalista Ângela Monteiro, da Rádio de Cabo Verde (RCV), venceu com a reportagem “Situação do Celeiro Agrícola Justino Lopes”, enquanto que, na categoria de televisão, a jornalista Maria da Luz Neves, da Televisão de Cabo Verde (TCV), ganhou com a reportagem “Depois da Dor”.
Segundo o presidente da AJOC, Carlos Santos, a reportagem de Sara Almeida, para além de o texto equilibrar os pilares do jornalismo (a ética, a estética e a técnica), discute sobre questões legais de união de facto entre menores.
Para Carlos Santos, esta reportagem chama à responsabilidade instituições que deveriam agir contra esse atentado à infância e adolescência, além de se abrir a questões do género e do empoderamento da mulher.
“Não merece o prémio apenas por isso, mas também porque pode e deve promover debates e ações contra casamentos forçados de meninas-adolescentes com adultos, por motivos religiosos, fenómeno a que se assiste, de forma impávida, em vários cantos deste país”, justificou Carlos Santos, em conferência de imprensa, na sede da AJOC, na cidade da Praia.
Já na reportagem radiofónica, a mesma fonte disse que o tema apresentado por Ângela Monteiro é “muito interessante e há um levantamento muito importante, quase exaustivo, de informações”.
A reportagem sobre “Justino Lopes”, prosseguiu, traz dados novos da “maior empresa agropecuária que o país já teve”, como o da produção do biogás e o investimento da empresa na educação, mostrando, igualmente, as causas, com destaque para os jogos políticos, que estiveram na origem do seu encerramento.
Na categoria Televisão, o júri considerou que, com o trabalho intitulado “Depois da Dor”, a jornalista Maria da Luz Neves entrou no mundo da deficiência (Microcefalia, Síndrome de Down e Autismo) para revelar à sociedade que o que mais mal faz às famílias e crianças com problemas sérios de saúde não é a doença em si ou os sintomas, mas o abandono, o desamparo, a ausência de políticas públicas que acabam por produzir um efeito contrário.
O júri do PNJ 2019 decidiu ainda atribuir menções honrosas, na categoria de imprensa, ao jornalista da Inforpress Luís Carvalho, com a reportagem “Os dois Irmãos: A realidade que antecede ficção”, e ao jornalista do Expresso das Ilhas Jorge Montezinho, com a reportagem “O chão dos Esquecidos”.
Na categoria de rádio foi ainda distinguido o programa “Origens – Antoni Dente D’Oru e Visita da ONU ao PAIGC”, da autoria da jornalista Ariana (Nany) Vaz, da Rádio de Cabo Verde.
Na categoria Televisão, a reportagem “Misteriosos desaparecimentos na capital”, da autoria da jornalista Keita Violante, da Record CV, também recebeu menção honrosa.
O presidente da AJOC, que integrou o júri com Marilene Pereira, Silvino Évora, Nardi Sousa e João Almeida, revelou também que, este ano, houve uma ligeira diminuição dos números de candidaturas, face ao ano anterior (28 candidaturas em 2018 contra 22 em 2019), mas que não obstante essa diminuição foram apresentados 35 trabalhos.
“O júri reconheceu ter havido um incremento da qualidade em termos estéticos e técnicos, tendo igualmente enaltecido a pertinência, a importância e o relevante interesse público dos conteúdos submetidos a concurso”, enfatizou.
O júri destacou ainda a presença maioritária das mulheres no concurso e ainda constatou que, nesta edição, o género reportagem suplantou os restantes géneros jornalísticos previstos no Regulamento do PNJ.
A cerimónia de entrega do prémio aos vencedores terá lugar no último dia do mês de maio.
-0- PANA CS/IZ 28abril2019