Investimentos entre França e Angola elevam-se em 430 milhões de euros, diz Macron
Luanda, Angola (PANA) - O valor total dos investimentos no âmbito dos novos acordos rubricados pelos Governos de Angola e da França eleva-se a 430.000.000 euros , anunciou quinta-feira o Presidente francês, Emmanuel Macron.
O Presidente Macron revelou estes dados à imprensa , momentos após o encontro em privado com o seu homólogo angolano, João Lourenço, no Palácio do Eliseu (Presidência), em Paris, a capital da França.
“Ao todo, mais de 430.000.000 euros de parceria e acordos foram assinados no quadro desta visita de Estado”, assegurou Macron, acrescentando que os números são o somatório de vários acordos concluídos em diferentes domínios.
“Queremos ir mais longe com o setor da Agricultura e os setores críticos. Queremos voltar a falar sobre o Corredor do Lobito (litoral centro de Angola), uma infraestrutura ferroviária que é crucial para toda a região, e que liga a Zâmbia e a RDC (República Democrática do Congo) ao Oceano Atlântico, atravessando Angola”, prosseguiu.
Informou que uma grande empresa francesa representa uma vasta maioria do investimento realizado nesse Corredor.
O Presidente francês, que preferiu não citar todos os novos acordos rubricados com Angola, fez questão de enumerar alguns, destacando os firmados nos domínios do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.
A propósito, citou, também, um acordo de financiamento avaliado em 4.000.000 euros para o reforço da parceria na preservação da biodiversidade e da promoção de zonas protegidas, apontando, como mamífero a cuidar, a Palanca Negra Gigante (antílope que se encontra exclusivamente em Angola), que é o símbolo do país, mas ameaçado de extinção.
Emmanuel Macron confirmou, igualmente, a assinatura de um Memorando de Entendimento sobre um projeto de irrigação, avaliado em 100.000.000 euros, para reforçar a segurança alimentar no país.
“Hoje (quinta-feira última), marcamos pontos muito fortes, renovamos o acordo geral que nos liga desde 1982, que é um símbolo importante, porque Angola celebra os 50 anos da sua Independência. Estamos, também, engajados em consultas políticas para fazermos face aos desafios globais, internacionais e regionais”, disse.
O Estadista francês disse, ainda, que Angola e o seu país se comprometeram a reforçar a cooperação na área da segurança interna, tendo em vista a luta contra a emigração irregular, o terrorismo, a criminalidade transnacional e o tráfico nas suas mais variadas vertentes.
“Mais de quatro milhões (4.000.000) de angolanos poderão contar com o nosso apoio com vista à abertura de liceus para o ensino científico bilíngue e, também, do programa angolano generalizado sobre o ensino do francês nas escolas elementares”, revelou.
Emmanuel Macron regozija-se com o facto de a França ter sido o primeiro investidor em Angola, enaltecendo a presença, na quinta-feira última, do Presidente João Lourenço no Fórum Económico internacional.
A visita do chefe de Estado angolano, confessou o líder francês, permite a ambos os países avançarem em muitos domínios e projetos comuns, sublinhando a intenção, nesse âmbito, da compra por Angola de um satélite de tipo Hermes para a observação da Terra.
“É um programa muito largo a nível espacial”, enfatizou Emmanuel Macron, destacando, igualmente, um projeto levado a cabo pelo Grupo Suez e que “vai dar água a três milhões (3.000.000) de angolanos”
Destacaou, ainda, o projecto de reforço da parceria francesa com o Inamet (Instituto Nacional de Meteorologia), assim como a construção de um hospital oftalmológico e uma maternidade em Luanda, a capital angolana.
Os esforços empreendidos por Angola e pelo Presidente João Lourenço, na busca incessante pela paz em África, com realce para a Região dos Grandes Lagos, foi também enaltecida pelo estadista francês.
Disse que a França apoia o engajamento de João Lourenço no quadro do Processo de Luanda (sobre a resolução da crise entre o Rwanda e a RDC), realçando que a prioridade para a França, nos Grandes Lagos, é que haja diálogo para a procura de uma paz efetiva e o respeito pelo território congolês.
“Essa dinâmica de paz que Vossa Excelência (João Lourenço), de facto, tomou, podemos fazer com que as negociações possam recomeçar entre os dois países. Tenho, por isso, de saudar o papel de Vossa Excelência para a paz em África”, elogiou o líder francês, reafirmando que a França apoia as negociações sob a mediação de Angola e a dinâmica de paz.
Relativamente à Conferência das Nações Unidas (ONU), que se vai realizar em Junho próximo, Emmanuel Macron revelou ser desejo da França que África tenha uma maior representação em todas as instâncias da organização, sobretudo no seio do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Presidente Macron informou, ainda, que a França poderá assumir, em 2026, a liderança do G7 e, na sua agenda, deve levar em consideração o facto de João Lourenço assumir, também, em Fevereiro, a presidência da União Africana, a quem desejou “sucessos”.
O G7 é o Grupo dos Sete países mais industrializados do mundo, precisamente Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido .
-0- PANA JA/DD 16jan2025