Agência Panafricana de Notícias

Togo festeja 51 anos de independência sob fundo de polémica

Lomé, Togo (PANA) - O Togo festeja esta quarta-feira 51 anos da sua independência sob fundo duma polémica grave, após a ereção pelo Governo no Largo da Independência em Lomé de bustos dos antigos chefes de Estado do país (Sylvanus Olympio, Nicolas Grunitzky, Kléber Dadjo e Gnassingbé Eyadéma).

Os partidos políticos insurgiram-se contra a construção destes bustos no Largo da Independência.

Na sequência da polémica, o Governo retirou precipitadamente os bustos segunda-feira à noite, mas a controvérsia aumenta e exacerba as clivagens na celebração desta festa que será marcada por um desfile militar e civil seguido por outras manifestações oficiais.

O presidente da União das Forças de Mudança (UFC), Gilchrist Olympio, aliado desde maio de 2010 ao partido no poder, a Coligação do Povo Togolês (RPT), ameaçou boicotar a participação do seu partido nas cerimónias de comemoração dos 51 anos da independência.

« O Monumento da Independência é um símbolo sagrado para o povo togolês. Por conseguinte, o Gabinete Diretor da UFC exorta solenemente o chefe de Estado a desempenhar o seu papel de árbitro ao anular este projeto e escolher outro local na capital para acolher as estátuas indevidamente erigidas no Largo da Independência”, declarou.

« Por todas estas razões e tendo em conta o símbolo que representa este largo para o nosso povo, a UFC não poderá participar nas manifestações oficiais desta festa da independência », acrescentou Olympio, citado numa declaração da UFC.

« Este ato constitui uma afronta ao povo togolês por um regime que, a todo tempo, manipula a história como o único objetivo de pôr Gnassingbé Eyadéma num largo que nada justifica », afirmou, por seu lado, o presidente da Aliança Nacional para a Mudança (ANC), Jean-Pierre Fabre.

« Esta tentativa de reescrever a história do nosso país fazendo entrar Eyadema no panteão da luta pela independência é uma farsa », acrescentou.

« Enquanto o povo togolês se empenhava a preço de sangue no combate pela sua libertação, Gnassingbé Eyadéma matava os Fellaghas, combatentes da independência nas Aurès na África do Norte. Ele não participou na luta pela independência do Togo e não deu nenhuma contribuição para a emancipação do povo togolês para figurar em qualquer pedestal nacional”, indicou Fabre.

Segundo ele, a ANC condena a « manipulação » da história do país pelo regime.

« A falsificação da história não pode, em nenhum caso, facilitar a reconciliação nacional », considerou Fabre.

-0- PANA FAA/AAS/SOC/MAR/TON 27abril2011