Agência Panafricana de Notícias

Taxa de escolarização do ensino superior atinge 24% em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – A taxa de escolarização bruta de ensino superior em Cabo Verde é de 24 porcento, muito superior à média da África Subsariana de seis porcento, apurou a PANA, terça-feira, na cidade da Praia.

Os dados constam de um estudo sobre o ensino superior em Cabo Verde no período de 2000 a 2014, apresentado na Conferência Nacional sobre a Governança do Ensino Superior, realizada terça-feira, na capital cabo-verdiana.

O inquérito revela que, de 2000 a 2010, a taxa de crescimento rondava os 34,4 porcento, mas baixou em 2014 para 13,8 porcento por questões relacionadas com as condições de financiamento.

Os mesmos dados indicam que as ciências exactas, as engenharias e as tecnologias aumentaram em sete porcento, entre 2000 a 2012, sendo que em 2013 as áreas de formação relacionadas com as ciências económicas, jurídicas e políticas atingiram os 36,4 porcento.

A população com formação superior em Cabo Verde quintuplicou-se nos últimos 10 anos, passando de quatro mil e 423, ou seja 1,1 porcento em 2000, para 23 mil e 431, cerca de 5,1 porcento, em 2010.

“Em 2000, apenas 34 porcento dos professores tinham o grau de mestrado e doutoramento, e em 2014 esse número aumentou para 60,20 porcento, uma subida relacionada com o surgimento de mais universidades”, indica o inquérito.

Em declarações à imprensa, à margem da Conferência, o ministro cabo-verdiano do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia, sublinhou que “esses dados orgulham muito o país”, mas reconheceu que eles “não são satisfatórios face à ambição que o arquipélago tem de produzir uma economia baseada no conhecimento”.

António Correia e Silva defendeu que o Governo tem de continuar a lutar não só para que as pessoas entrem nas universidades mas também que permaneçam e tenham sucesso.

Os desafios do ensino superior em Cabo Verde, que congrega 13 mil e 393 estudantes nas 10 instituições públicas e privadas no país, "são ainda muitos", mas o principal está ligado ao financiamento, admitiu o ministro cabo-verdiano do setor.

Segundo ele, a taxa de abandono no ensino superior é "relativamente alta", havendo uma eficácia de um pouco acima dos 50 porcento entre a população universitária, situação devida, por um lado, ao rendimento escolar e, por outro, ao elevado custo das propinas.

A situação, acrescentou, poderá ser minorada já no próximo ano letivo, após as negociações que o Governo tem em curso com os bancos, visando a concessão de empréstimos com juros bonificados aos que mais necessitam de crédito para financiar os estudos.

"Os bancos argumentam que é um risco e os universitários queixam-se dos elevados encargos dos empréstimos”, disse António Correia e Silva, anotando que “o Governo está a atuar como facilitador".

Salientando ser esse mesmo um dos desafios inerentes ao sistema universitário, o governante aponta também como alternativa a opção pelo ensino à distância.

Referindo os desafios que se colocam ao ensino superior em Cabo Verde, Correia e Silva defendeu uma oferta formativa "mais diversificada", estudos superiores mais profissionalizantes, uma aposta maior na pós-graduação e na especialização.

Defendeu uma maior aposta também na investigação e na internacionalização dos estabelecimentos de Ensino Superior, nomeadamente através das redes universitárias.

O governante cabo-verdiano disse ainda que deve ser criada uma agência de regulação, que avalie a qualidade do sistema e a credibilidade das instituições, promovendo, ao mesmo tempo, uma avaliação dos alunos, uma melhor ligação entre o ensino secundário e universitário, para evitar "desperdícios e repetências".

"Quando começamos com o ensino superior em Cabo Verde (em 2000), havia dois terços de professores licenciados e hoje o panorama inverteu-se: são dois terços os professores doutorados ou com mestrados", recordou.

-0- PANA CS/IZ 03junho2015