Tabaco mata mais de 100 pessoas todos os anos em Cabo Verde, diz relatório
Praia, Cabo Verde (PANA) - Um relatório de consumo e medidas de controlo do tabaco de 2020, divulgado, segunda-feira, pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) de Cabo Verde revela que mais de cem pessoas morrem por ano no arquipélago devido ao consumo de tabaco.
De acordo com o documento publicado pelo INSP, no quadro do Dia Mundial sem Tabaco que se assinala, a 31 de maio, 104 óbitos de pessoas com 30 anos ou mais, registados em 2017, estiveram relacionados com doenças provocadas pelo tabagismo, que é considerado um problema de saúde pública em Cabo Verde.
O INSP aponta o tabagismo como principal fator de risco nas três principais causas de óbitos em Cabo Verde, designadamente doenças cardiovasculares, cancros e infeções respiratórias.
Ao falar na sessão de abertura do seminário sobre “o Tabagismo e o risco do Acidente Vascular Cerebral”, promovido pelo INSP e pela Comissão de Coordenação do Álcool e outras Drogas (CCAD), para marcar a efeméride, o diretor nacional da Saúde, Jorge Barreto, revelou que a prevalência dos fumadores em Cabo Verde ronda os 9,5 por cento e não alterou desde 2017, apesar das medidas implementadas pelo Governo após a ratificação da Convenção Quadro para o Controlo do Tabaco (CQCT).
Segundo Jorge Barreto, o país tem um longo caminho a percorrer para mudar os dados existentes, apesar do empenho das autoridades na luta contra o uso de tabaco, aumentando a sua tributação para limitar o acesso a este produto, proibindo o seu uso em lugares públicos e fechados, exigindo que embalagens tenham informações sobre o mal que o uso provoca, proibindo publicidades.
“Mas a prevalência continua a mesma”, disse o responsável, sublinhando que um relatório publicado em 2019 no país sobre o uso de tabaco, indicou que este vício custou, em 2017, o equivalente a 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e causou cerca de 100 mortos, números que persistem e continuam sem alteração.
De acordo com o diretor nacional da Saúde, o Segundo Inquérito sobre Doenças Não Transmissíveis, que serviu para atualizar a informação em relação ao uso de tabaco em Cabo Verde e os resultados do estudo, comparativamente ao realizado em 2007, não mostra nenhuma alteração quanto à redução do consumo.
“A percentagem manteve-se praticamente igual apesar de todas as atividades, estratégias e políticas implementadas ao longo desse período. Pensamos que há um percurso a ser feito, atividades a serem implementadas e ferramentas a serem elaboradas e depois implementadas para que possamos reduzir o consumo e as consequências deste consumo”, prosseguiu.
Numa mensagem alusiva ao dia Mundial sem Tabaco, a diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África, Matshidiso Moeti, alertou que o consumo de tabaco em África tende a aumentar, defendendo que os defensores da saúde pública devem realizar ações contra a sua promoção.
Recordou que o tabaco mata metade dos seus consumidores, lembrando que o tabagismo tem efeitos nefastos em quase todos os órgãos do corpo humano e que o ato de fumar um único cigarro por dia pode prejudicar seriamente a saúde de uma pessoa.
Segundo esta responsável, cerca de 1,2 milhão de não fumadores morrem todos os anos devido à exposição ao fumo do tabaco e milhões de pessoas foram incentivadas a deixar de fumar durante a pandemia da covid-19, com base em dados científicos que demonstram que o tabagismo prejudica a função pulmonar e faz com que seja mais difícil, para o organismo, combater os coronavírus e outras doenças.
O Dia Mundial Sem Tabaco é celebrado anualmente a 31 de maio, com o objetivo de chamar a atenção para o malefício e os riscos para a saúde que o tabaco provoca.
Alerta também para os perigos do tabagismo passivo e para o impacto que este pode ter na vida de cada um, principalmente nas mulheres grávidas e nos recém-nascidos.
-0- PANA CS/DD 31maio2021