Sudão recusa qualquer ingerência estrangeira em seus assuntos internos
Cartum, Sudão (PANA) – O Governo sudanês não tolerará qualquer intervenção estrangeira regional ou internacional nos seus assuntos internos, declarou em Cartum o tenente-general Abdul Fattah al Burhan, chefe do Exército sudanês.
Falando quarta-feira a empregados do setor da saúde na Sala de Amizade, em Cartum, o tenente-general al-Burhan pediu à oposição para retomar o diálogo que não exclui nenhum órgão.
Declarou que o Conselho Militar de Transição (junta militar no poder) apela às Forças de Liberdade e Mudança para retomarem as negociações quanto antes.
Afirmou que o diálogo é aberto a todos.
Deseja que soluções para os problemas com que o país está confrontado sejam satisfatórias para todas as categorias da sociedade sudanesa e que a atomesfera seja propícia a eleições livres e regulares.
Há mais de duas semanas, uma força militar dispersou jovens pró-democratas perto do Quartel-General do Exército, fazendo várias dezenas de mortos e centenas de feridos.
O grupo de jovens, que qualificou o ataque de "crime brutal", declarou já não continuar mais as negociações enquanto um comité independente composto por peritos internacionais não fosse formado para abrir inquéritos sobre homicídios e produzir um relatório sobre a identidade dos seus autores.
Al Burhan declarou que o ataque de 3 de junho corrente, foi objeto de uma larga condenação aos níveis regional e internacional, foi deplorável.
Porém, sublinhou que muitas mentiras e rumores circularam sobre o que aconteceu nesse dia.
Acrescentou que um comité integrado por todas as instâncias judiciais e militares envolvidas, entregará brevemente as suas conclusões.
O CMT não deixará o Sudão mergulhar no caos. O país não se pode dar ao luxo de ficar sem órgão executivo, nem tolerará nenhum outro golpe de Estado, frisou.
O chefe do Exército sudanês afirmou que as Forças Armadas do povo estão a esforçar-se para criar um clima propício à liberdade e à realização de eleições justas e livres para alcançar a paz.
A UE publicou um "comunicado enérgico" em que condenava a morte de pacatos civis e responsabiliza o Conselho Militar de transição por estes atos, pois, frisou, é ele que garante a proteção de todos os cidadãos sudaneses.
A UE condena com firmeza os violentos ataques perpetrados a 3 de junho de 2019 no Sudão, que fizeram numerosos mortos e feridos entre manifestantes pacatos civis.
A UE afirmou terça-feira último, num tweet, "ser claro que a responsabilidade incumbe ao Conselho Militar de Transição (CMT), enquanto autoridade encarregue da proteção da população”
Todas as violações dos direitos humanos e todos os abusos cometidos devem ser objeto de inquéritos independentes e transparentes, e os seus autores devem responder pelos seus atos, exige a UE.
No entanto, ignora-se se o líder militar reagiu ou não a este comunicado ou a numerosas declarações que denunciam os incidentes de 3 de junho corrente e exigema um inquérito internacional sobre estas matérias.
-0- PANA MO/VAO/MTA/IS/SOC/FK/DD 20junho2019