Agência Panafricana de Notícias

Sociedade civil contra interdição de exportação de madeira no Gabão

Paris- França (PANA) -- A figura emblemática da sociedade civil gabonesa, Marc Ona, exprimiu terça-feia a sua oposição à decisão do Presidente Ali Bongo Ondimba de proibir, a partir de Janeiro de 2010, a exportação da madeira do Gabão, considerando que a medida seria inaplicável.
"Trata-se apenas duma manobra política ligada a Copenhaga (Cimeira Mundial sobre o Clima).
Esta medida é irrealista e inaplicável", afirmou Ona numa entrevista à PANA à margem duma mesa redonda sobre os avançados feitos desde 2003 na campanha "Publiquem o que Pagam (PCQVP)", promovida na capital francesa pela organização "Socorro Católico".
Para Marc Ona, a decisão de proibir a exportação de madeira bruta foi tomada sem concertação e sem nenhuma preparação.
"O Governo não consultou nem a sociedade civil nem os industriais do ramo da madeira.
Tomou unilateralmente esta medida e o mais grave é que não há nenhuma empresa capaz hoje de transformar a madeira no Gabão", insistiu o principal responsável da secção gabonesa da PCQVP.
Ele insurgiu-se, além disso, contra as promessas feitas sexta-feira passada em Paris pelo Presidente Ali Bongo Ondimba de compensar os industriais da madeira vítimas da medida de interdição.
"Pensar em compensar os industriais já é um primeiro recuo.
Mas onde Ali Bongo Ondimba vai encontrar o dinheiro para essas indemnizações que prometeu? No Tesouro Público? No seu dinheiro pessoal?, interregou-se o ambientalista.
"A medida de interdição é coxa.
Estou certo de que o Governo vai acabar por recuar", acrescentou.
O Conselho Francês dos Investidores em África (CIAN) exprimiu igualmente vivas críticas contra a medida de interdição anunciada a 5 de Novembro pelo Conselho de Ministros gabonês que a justificou pela necessidade de fazer do ramo da madeira uma alavanca de luta contra o desemprego dos jovens e mulheres.
Ali Bongo Ondimba reagiu às críticas contra a medida de interdição explicando que se tratava antes duma disposição do Código Florestal que ele prometeu aplicar durante a sua campanha eleitoral.
"O Código Florestal prevê a transformação local de 75 por cento da madeira em 2012.
Apenas estamos em 40 por cento.
A medida de interdição visa acelerar a transformação da madeira bruta em produtos acabados e semi-acabados.
É inaceitável que alguns finjam hoje estar surpreendidos", frisou o Presidente Bongo Ondimba na sua primeira visita de trabalho a França.
Depois do petróleo, as florestas gabonesas, com perto de 22 milhões de hectares, representam a segunda vantagem da economia nacional.
O sector da madeira é o segundo empregador do país, depois da função pública.