Agência Panafricana de Notícias

Sítio cabo-verdiano de Cidade Velha pronto para património mundial

Paris- França (PANA) -- As autoridades cabo-verdianas anunciaram quarta-feira na capital francesa, Paris, que a Cidade Velha, um dos sítios históricos do país, reúne "todas as condições" para a sua inscrição este ano na lista do Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
O anúncio foi feito pelo diplomata cabo-verdiano José Armando Duarte, chefe da delegação de Cabo Verde à 33ª sessão do Comité do Património da UNESCO, que se reúne de 22 a 30 de Junho em Sevilha (Espanha).
"As observações feitas pelo Comité de Avaliação foram inteiramente consideradas pelo meu Governo.
Alguns pontos subsidiários serão completados posteriormente; estimamos que o sítio pode ser inscrito ainda este ano", disse Duarte, que é igualmente embaixador de Cabo Verde em França e delegado permanente do seu país junto da UNESCO.
A Cidade Velha, antiga capital de Cabo Verde e primeira cidade fundada pelos Europeus na África Subsariana, é tida como o berço da nação cabo-verdiana.
Erguida pelos Portugueses na ilha de Santiago no final do século XV, ela foi igualmente um laboratório experimental de espécies vegetais e sobretudo um lugar de cruzamento das culturas de onde partiram a maioria dos escravos que povoaram as Caraíbas, o Brasil e outros países da América.
"É um lugar de memória, pois o porto da Cidade Velha era o traço de união entre quatro continentes e dois oceanos : África, Europa, Américas e Ásia e os Oceanos Atlântico e Índico", sustentou o diplomata em declarações à PANA, acrescentando que ela foi ainda o primeiro centro de concentração de escravos no mundo.
Sublinhou a implicação pessoal do Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, no processo de inscrição da Cidade Velha como Património Mundial, recordando que ele visitou o local pela última vez a 8 de Junho corrente.
"A inscrição da Cidade Velha como Património Mundial, um dever de memória, terá valor de homenagem para o povo cabo-verdiano, símbolo deste cruzamento de culturas, religiões e raças.
Será percebida como um gesto de incentivo à política de abertura consciente e crítica do meu país aos valores de humanismo", estimou Duarte.
Sublinhando igualmente o impacto desta inscrição sobre o turismo, assegurou que todas as disposições serão tomadas para fazer da Cidade Velha um lugar de visitas e descobertas e um centro de ensino da História do tráfico negreiro transatlântico.
"Os Cabo-verdianos contam muito com esta inscrição para consolidar o turismo cultural na Cidade Velha.
É, de facto, com um verdadeiro optimismo que vamos para Sevilha para conseguir a inscrição do nosso sítio na lista do património ainda este ano", disse.
A 33ª sessão do Comité do Património vai analisar 29 outros pedidos de inscrição na lista do Património Mundial das quais o do Burkina Faso com as Ruínas de Loropeni.
Representantes dos 21 países eleitos no Comité vão pronunciar-se, por outro lado, sobre o estado de conservação dos bens inscritos na lista do património mundial ameaçado.