Sete mortos em manifestações no Senegal
Dacar, Senegal (PANA) - Sete pessoas já morreram, no Senegal, nas manifestações iniciadas há quatro dias, com a detenção do opositor e deputado Ousmane Sonko.
Iniciadas quarta-feira, em Dakar, na capital, as manifestações de apoiantes de Ousmane Sonko, líder do Pastef/Les Patriotes, terceiro classificado nas últimas eleições presidenciais, estenderam-se às outras regiões do país.
Em todos os lugares, os manifestantes mostram uma violência incrível, pilhando e incendiando tudo no seu caminho.
Em Dakar, nada é poupado, mas as lojas, as bombas de gasolina, as residências, os veículos, os edifícios públicos e privados são os alvos mais vida dos.
Os bancos sofreram a fúria das hordas de manifestantes e alguns relataram grandes somas de dinheiro roubadas.
As instalações do grupo de imprensa Futur Médias, do artista-cantor Youssou Ndour, e do diário nacional "Le Soleil" foram atacadas, sem dúvida pela sua proximidade com o poder.
Em quatro dias, as manifestações fizeram sete mortos, a maioria por balas, em Dakar e arredores, em Ziguinchor e Bignona, no sul do país, e muitos feridos, tanto entre os manifestantes como no seio da polícia. Imagens de um polícia com a mão arrancada pela explosão de uma granada circulam na redes sociais.
Na noite de sexta-feira, o Governo senegalês saiu finalmente do silêncio para condenar veementemente os tumultos e pediu a calma e a serenidade.
O ministro do Interior, Antoine Félix Abdoulaye Diome, acusou Ousmane Sonko pelos acontecimentos por ter exortado os seus apoiantes a resistirem ao complô de que se considera vítima, através da acusação de repetidas violações e ameaças de morte de uma jovem massagista.
O ministro não hesitou em qualificar de terroristas os atos dos manifestantes e ver uma mão por trás, confortado nesta convicção pelos apoios da oposição e da sociedade civil à Ousmane Sonko neste caso.
Assim, o ministro do Interior avisou que os desordeiros serão procurados, detidos e levados à justiça.
O ministro acusou Ousmane Sonko de usar manobras dilatórias para não responder em juízo às acusações feitas contra ele.
Tudo começou com a recusa do opositor seguir o caminho fixado pela polícia para responder à convocação do juiz de instrução, o que resultou na sua detenção pelos gendarmes e na colação delito de perturbação da ordem pública.
Agora, várias acusações pesam sobre Ousmane Sonko, incluindo violações réitérasses, ameaças de morte e perturbação da ordem pública.
Segunda-feira, durante o primeiro interrogatório com o juiz de instrução, este último este à beira de o acusar também por incitação à insurreição.
Aparentemente, a situação não vai acalmar-se tão cedo no país, apesar dos apelos e tentativas de mediação.
O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, juntou-se aos que apelam para o fim da violência, como a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
-0- PANA JSG/SOC/MAR/IZ 07março2021