Agência Panafricana de Notícias

Sequelas de guerra muito ressentidas em grupos pobres e vulneráveis no Sudão Sul

Cartum, Sudão (PANA) – A guerra pode ter acabado no Sudão, tanto no Norte como no Sul, no entanto as suas sequelas em termos de armas de fogo, em particular, continuam a ser muito ressentidas, sobretudo, pelos grupos pobres e vulneráveis, por mulheres e crianças que vivem nas aldeias afastadas.

O ataque desta semana sobre sete aldeias de Jonglei, onde as comunidades Murle e Lou Nuer combateram, deixando centenas de mortos e mais de 250 mil pessoas deslocadas, segundo as autoridades locais no Sul, é um outro exemplo da maneira como os grupos vulneráveis continuam a pagar muito caro, mesmo se a guerra terminou.

O representante especial do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Hilde Johnson, disse na Rádio Miraya patrocinada pela ONU que estava profundamente preocupada com os ataques violentos destes últimos dias e aconselhou a moderação às comunidades Murle e Lou Nuer que vivem no Estado de Jonglei.

A emissora disse que os confrontos teriam feito pelo menos 600 mortos contrariamento ao número de 750 a 985 pessoas feridas de acordo com informações não confirmadas .

Informações locais recebidas pela Missão das Naºções Unidas para o Sul Sudão (UNMISS) indicam que, entre 26 mil e 30 mil cabeças do gado, foram roubadas durante os ataques e que numerosas casas foram destruídas.

As autoridades indicaram à UNMISS que mais de 250 mil pessoas foram deslocadas pelos combates nas aldeias de Pieri, Motat e Pulchol na cidade de Uror no Estado de Jonglei e que cerca de 200 pessoas podem ter sido raptadas.

"Este cíclo de violência deve parar. O facto de tanta gente ter sido morta e ferida de novo é inaceitável. Exorto as duas partes em conflito à moderação. Os esforços de reconciliação são doravante uma necessidade urgente. A UNMISS está disposta e pronta para apoiar um tal processo para o efeito», indicou a rádio sediada no Sul, citando Johnson.

O representante de Ban Ki-moon acrescentou que a segurança de todos os Sudaneses do sul deve ser prioritária, sublinhando que a UNMISS vai ajudar todos os atores interessados na prevenção de novas violências que causam sofrimentos inúteis.

A União Africana manifestou, por sua vez, a sua profunda preocupação e disse-se chocada com a morte de centenas de pessoas num ataque com base étnica no Sudão Sul.

"O Presidente da Comissão da União Africana (UA)m Kean Ping, soube preocupado que um ataque maciço com base étnico em dois distritos na cidade de Uro, no Estado de Jonglei, na República do Sudão Sul, causou fez centenas de mortos, vários feridos ou raptados, incluindo crianças, além da destruição de bens e do roubo do gado», indicou o comunicado do presidente da Comissão da União Africana.

O comunicado divulgado em Addis Abeba, na Etiópia, e recebido em Cartum, indica que Ping transmitiu as condolências da UA às famílias enlutadas e ao povo do Sudão Sul e ao seu Governo.

A organização humanitária internacional, Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse terça-feira que centenas de pessoas morreram e outras ficaram feridas no Sudão Sul.

Revelou que muitos feridos e transferidos para cuidados médicos foram mulheres e crianças baleadas durante o ataque que decorreu no Estado de Jonglei, no Sudão Sul.

Num comunicado divulgado em Juba, capital do Sudão Sul, MSF sublinha que as vítimas integravam membros do pessoal da própria organização internacional, acrescentando que a organização tinha tratado mais de 100 pessoas na cidade sul-sudanesa de Pieri, após um ataque aéreo surgido nesta cidade e em 12 aldeias circundantes sitos no Estado de Jonglei na última semana.

"Apesar de o número de mortos e feridos ser difícil de confirmar, os camponeses relataram a MSF que mais de 400 pessoas morreram em Pieri e que quase a metade das casas da cidade foi destruída", indica o comunicado.

O comunicado da UA indica que Ping exorta o Governo do Sudão Sul a prosseguir e intensificar os esforços para impedir o ressurgimento da violência devastadora, processar os culpados e promover a reconciliação duradoura entre as comunidades interessadas.

Reiterou «o compromisso da UA, edm estreita colaboração com a UNMISS e de outros, a fim de apoiar por todos os meios possíveis os esforços do Governo neste sentido".

-0- PANA MO/BOS/AKA/AAS/IBA /CJB/DD 24ago2011