Agência Panafricana de Notícias

Senegaleses denunciam terceiro mandato do chefe de Estado

Dakar- Sénégal (PANA) -- Uma campanha internacional de informação e denúncia de um terceiro mandato do Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, será lançada próximamente em Dakar.
Esta iniciativa foi tomada por 11 movimentos apartidários de cidadãos senegaleses reunidos sábado em Dakar para anunciar o seu plano comum no quadro desta campanha.
Os promotores destes movimentos, dos quais o do ex-ministro de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros Cheikh Tidiane Gadio, apresentaram, durante uma conferência de imprensa, a sua iniciativa que visa criar "um quadro flexível de concertação para agirem juntos".
Além do movimento de Gadio, participaram neste encontro, entre outros, "Luy Jot Jotna" (que significa, no dialeto uolofe, Movimento Político Citadino), o "Feeke Ma ci Boole" do cantor Youssou Ndour, "Yemale" (Movimento Citadino para o Mérito e Igualdade das Oportunidades) dum empresário senegalês, Bara Tall, e o Movimento Social para a Renovação Nacional "Caar Leneen" duma professora de direito, Amsatou Sow Sidibé.
Estes responsáveism que dizem pertencer à sociedade civil, denunciaram a situação de "desgoverno do país" que, a seu ver, interpela todos os cidadãos nacionais.
Durante a sua reunião, eles comprometeram-se a lutar para pôr fim ao regime liberal atual e participar na criação de condições favoráveis a uma governação condigna, opondo-se à vontade do Presidente Wade de aproveitar um vazio jurídico na Constituição do Senegal para negociar um terceiro mandato à frente do país.
Na sua declaração final, pode ler-se, entre outros, "Não a um terceiro mandato de Wade" e "Não à devolução monárquica do poder", aludindo à vontade atribuída ao Presidente Wade de transmitir o poder seu filho, Karim Wade, atual ministro de Estado e ministro da Cooperação Internacional e Transportes Aéreos.
"Nada pode justificar três mandatos no Senegal (de Abdoulaye Wade)", martelou Gadio, para quem "se trata de um combate de princípio e de ética" (respeito pelos cidadãos).
Ele apelou ao seu ex-patrão (Wade), com que trabalhou durante cerca de 10 anos, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, para respeitar a declaração de não negociar um outro mandato que ele tinha feito em 2007, logo após a sua reeleição.
Por sua vez, Amadou Guèye da UNIS frisou que a campanha de informação se fará por etapa, começando, a nível nacional, com a sensibilização dos embaixadores acreditados em Dakar e de doadores de fundos à necessidade do afastamento de Wade do poder.
O quadro de concertação anunciou que, uma vez Wade destronado, vai elaborar uma nova Constituição mas apela a todos republicanos para se mobilizarem a fim de defender a atual Constituição senegalesa, nomeadamente no tocante ao escrutínio de duas voltas.
Interrogados sobre a escolha do seu candidato, o empresário Bara Tall indicou que, em nome destes camaradas, esta questão é prematura e não consta da agenda, "Hoje, trata-se de criar um contra-poder em vez de conquistar o poder", sublinhou Tall, acrescentando que "não somos movimenos de apoio a um partido político mas movimentos citadinos e sociais".
O Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, 84 anos de idade, chegou ao poder pela primeira vez em 2000, antes de ser reeleito sete anos mais tarde, mas desta feita para um mandato de cinco anos.
O próximo escrutínio presidencial no Senegal está previsto para 2012.