Senegal decreta Estado de emergência e recolher obrigatório contra coronavírus
Dakar, Senegal (PANA) - O chefe de Estado senegalês, Macky Sall, decretou segunda-feira à noite o Estado de emergência em todo o território nacional, acompanhado de recolher obrigatório das 20:00 às 06:00 seis horas locais, a fim de conter a propagação do coronavírus (COVID-19).
"O Estado de emergência não é um fim em si mesmo. Não se trata de suspender a atividade económica. Ele responde a um perigo iminente se não redobrarmos de esforços.
"Face ao perigo, o Estado de emergência dá-nos os meios de reforçar as nossas posições e de intensificar os nossos esforços de luta para vencer o nosso iminigo comum”, declarou.
Na sua segunda mensagem à Nação desde o surto da pandemia no Senegal, a 2 de março último, Sall afirmou ainda que se o país continuar a fazer como se nada tivesse acontecido, "o vírus vai propagar-se ainda de forma mais maciça e agressiva”.
Ele ordenou ao Governo, às autoridades administrativas bem como às forças de defesa e segurança a velar pela aplicação “sem delongas” do Estado de emergência.
"Estas medidas darão em particular às autoridades administrativas competentes o poder de regulamentar ou de proibir a circulação de pessoas, de carros ou de bens em algumas zonas e a certas horas”, precisou.
O Presidente senegalês acrescentou que as medidas em causa poderão evoluir em função das circunstâncias, sendo elas acompanhadas de um recolher obrigatório em todo o território nacional.
Ele apelou para uma tomada de consciência nacional da gravidade da situação, marcada por um forte aumento do número de doentes do coronavírus desde o último fim de semana.
"Limitemos as nossas viagems. Evitemos as concentrações de pessoas de qualquer natureza que seja. Trata-se da saúde e da vida das nossas famílias e das nossas comunidades”, exortou Macky Sall.
O Senegal registou segunda-feira 12 novos casos, elevando para 79 o número de doentes dos quais oito foram tratados e curados.
Os doentes estão a ser tratados nos quatro centros de tratamento do país, incluindo um hospital militar de campanha instalado em Touba, uma cidade situada no centro do país, que registou um grande número de casos de coronavírus.
"Digo-vos com solenidade: a hora é grave. A velocidade de progressão da doença impõe-nos aumentar o nível da riposta. Caso contrário, corremos um risco sério de calamidade pública”, declarou o Presidente Sall.
O Senegal suspendeu sexta-feira última, até 17 de abril próximo, a exploração de todos os voos provenientes e com destino aos seus aeroportos com vista a impedir a propagação do coronavírus.
Esta medida não se aplica aos voos internos, aos voos de carga, às evacuações sanitárias e aos voos especiais autorizados.
Dois dias antes, o país suspendeu as suas ligações aéreas com alguns países afetados pela pandemia dos quais França, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica, Argélia e Tunísia.
O Governo criou um fundo de 64 biliões de francos CFA (105 milhões 26 mil dólares americanos) para reforçar as capacidades do país de fazer face à pandemia.
O Presidente Sall proibiu, há 10 dias, todas as manifestações e decretou o encerramento das escolas e universidades por três semanas, até 6 de abril próximo.
Também decidiu presidir a um serviço militar a 4 de abril próximo em vez do desfile civil e militar que normalmente marca o aniversário da Independência do país, alcançada em 1960.
Por outro lado, a Associação dos Imãs e Ulemans do país suspendeu a grande oração de sexta-feira até nova ordem e instou os seus membros a velar pelo respeito estrito das medidas de higiene nas mesquitas.
-0- PANA AAS/TBM/FK/IZ 24março2020