Seis em cada 10 empresas suspendem atividade devido ao covid-19 em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – Um estudo divulgado, terça-feira, na cidade da Praia, pela Associação de Mulheres Empresárias de Cabo Verde (AME-CV), apurou que seis em cada 10 empresas do país (65%) suspenderam as suas atividades por causa da crise provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), apurou a PANA.
O inquérito, realizado pela AME=CV, em parceria com a Afrosondagem, Câmaras de Comércio e de Turismo, Associação dos Jovens Empresários de Cabo Verde e Associação de Agência de Viagens e Turismo, apurou que, do total de empresas que suspenderam as suas atividades, quase a metade (46%) destas empresas não tem previsão de reabertura.
Do total de empresas que suspenderam as suas atividades, 82% tomaram esta decisão entre a segunda e terceira semanas de março último, precisamente na altura em que Cabo Verde registou o primeiro caso da doença, em 19 de março.
O estudo concluiu ainda que mais de metade das empresas (61%), que passaram a operar de forma parcial, tiveram que reduzir parte das atividades.
Este inquérito sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 nas empresas cabo-verdianas, notou, igualmente, que dos 15% de empresas que estão a operar, nas suas instalações ou em teletrabalho, a maioria (76%) não tem intenção de fazer a suspensão das atividades.
A maioria das empresas cabo-verdianas (77%) apontou a queda de venda ou faturação como o principal problema resultante da Covid-19, tendo seis em cada 10 delas apontado que tiveram mais de 80% de perda de faturação em abril último face ao período homólogo (60%).
“Alguns até com perda de 100% de faturação”, salientou o inquérito, cuja recolha de dados decorreu entre 17 e 27 de abril útimo junto de 307 empresas de diversos setores de atividade, numa amostra com um intervalo de confiança de 95% e um erro de 4%.
As empresas enfrentam outros problemas, como, por exemplo, a falta de tesouraria para manter o pessoal e a atividade (54%), redução da procura (41%) ou falta de trabalhadores (30%), que estão em casa por ordens governamentais.
De acordo com o inquérito, quase metade das empresas cabo-verdianas (47%) admitiram o ‘lay-off’ como uma das primeiras opções a equacionar, em caso de os problemas financeiros persistirem ou agravarem-se.
De acodo com o estudo, também seis em cada 10 empresas pretendem recorrer a este meio, mas todas as grandes empresas entrevistadas declararam que vão recorrer ao ‘lay-off’.
No que diz respeito ao emprego, o inquérito concluiu que a maioria das empresas(73%) conseguiu pagar os salários no mês de março. Por outro lado, 14% já não conseguiram fazê-lo, revelou o inquérito.
Segundo o mesmo trabalho, quase metade das empresas (46%) fez ou tenciona fazer algum corte nos funcionários e, destes, 23% pretende fazer cortes acima dos 30%.
Já sete em cada 10 empresas não têm capacidade financeira para pagar os ordenados de abril último.
“O impacto é maior nas grandes empresas com 85% destas sem capacidade de pagamento dos ordenados de abril último”, continuou a mesma fonte.
No que se refere ao apoio financeiro, quase metade das empresas (48%) recorreram a uma linha de crédito e, deste total, a maioria (87%) ainda estão a aguardar, enquanto 10% não tiveram aprovação do processo de financiamento.
Numa avaliação das medidas tomadas pelo Governo para fazer face à crise, a maioria das empresas acha que todas são “adequadas ou muito adequadas”, mas dão nota negativa à celeridade na sua implementação.
Na semana passada, a Direção Geral do Trabalho anunciou ter recebido, até 27 de abril último, 16 mil 90 pedidos de suspensão de contratos de trabalho, referentes a um total de 994 empresas.
A maior parte das empresas ficam localizadas em Santiago, com 318 entidades empregadoras a pedirem a suspensão de contratos, seguida da ilha do Sal, com 267, e da de São Vicente, com 262 empresas.
Entretanto, é na ilha do Sal que está a maior parte dos trabalhadores afetados, devido ao Turismo, com cinco mil 948 contratos suspensos.
Em segundo lugar está Santiago, com três mil 947 pedidos, a de Boa Vista vem em terceiro lugar, com dois mil 346 pedidos.
A de São Vicente já registou também dois mil 216 pedidos de suspensão de contrato.
As informações foram avançadas pelo ministério da Justiça e Trabalho, que reconhece um momento “particularmente difícil” no mundo laboral em Cabo Verde, face à pandemia do novo coronavírus.
-0- PANA CS/DD 05maio2020