Sede nacional do maior partido da oposição em Cabo Verde de novo vandalizada
Praia, Cabo Verde (PANA) – A sede nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), maior força da oposição no país, voltou a ser vandalizada, terça-feira, na cidade da Praia, pela segunda vez em um mês e meio.
Em conferência de imprensa, o secretário-geral do PAICV, Julião Varela, disse que o primeiro ato de vandalismo ocorreu a 31 de maio e que, desta vez, aconteceu no período de manhã desse dia.
Segundo ele, trata-se de uma situação que põe em causa a segurança das instalações da sede nacional do maior partido da oposição, sita no centro histórico da cidade da Praia, conhecido "Plateau".
Julião Varela considera que a situação é igualmente preocupante porque, a seu ver, os dois atos ocorreram praticamente no mesmo lugar, ou seja, sempre num espaço contíguo ao dos gabinetes da presidente do partido, Janira Hopffer Almada, e do próprio secretário-geral.
A sede do PAICV está ainda localizada a poucos metros do Liceu Domingos Ramos, da Embaixada dos Estados Unidos, da residência do cardeal e bispo de Santiago e do Tribunal Fiscal e Aduaneiro, numa zona bastante movimentada, sobretudo de dia.
Segundo o SG dao PAIGC, das duas vezes foram atiradas pedras que partiram vidro, mas, pelos vestígios encontrados, ninguém conseguiu entrar na sede nacional do partido.
Neste segundo caso, ainda se podia ver um pedregulho no interior da sede, bem como estilhaços de um vidro partido numa porta que dá acesso à uma rua contigua, numa zona em frente à entrada norte da Rua Pedonal, uma das artérias mais movimentadas do centro histórico da cidade da Praia, de acordo com o opositor.
O dirigente adiantou que o PAICV ainda não tem qualquer suspeito, esclarecendo ter já apresentado queixa às autoridades.
Disse não saber se, da primeira vez, foi feita alguma diligência no sentido de se identificarem autores e suas motivações.
“Pela localização da sede nacional do PAICV, e considerando todo o sistema de videovigilância anunciado na capital do país, não se compreende por que razão, passados quase dois meses, não se conseguiu, ainda, descobrir o autor deste ato de vandalismo, ao ponto de já se ter praticado um segundo ato, em tão curto espaço de tempo”, lamentou Julião Varela.
Referiu que o seu partido tem estado a verificar situações desta natureza desde 2016, escusando-se, contudo, a “tirar qualquer conclusão precipitada”, quando questionado se acredita em motivações políticas para os atos de vandalismo.
“Aguardamos pelas autoridades, pelas investigações que devem ser feitas. Queremos de facto que sejam identificados os prevaricadores”, declarou Julião Varela, garantindo que o partido vai reforçar a segurança na sede nacional e noutras estruturas.
O PAICV governou Cabo Verde, como partido único, nos primeiros 15 anos da independência do pais, em 1974.
Com a realizações das primeiras eleições multipartidárias, a 13 de janeiro de 1991, o partido foi derrotado nas urnas pelo Movimento para a Democracia (MpD), formação política que voltará a sair vitorioso, cinco anos mais tarde, permanecendo assim no poder durante 10 anos.
Em 2001, o PAICV voltou a dirigir os destinos do pais, ao ganhar as eleições legislativas realizadas no mesmo ano.
O partido vencará também as duas eleições seguintes (2006 e 2011), totalizando mais 15 anos de poder.
No entanto, nas eleições de abril de 2016, o PAICV voltou à oposição depois de derrotado novamente pelo MpD nas legislativas.
-0- PANA CS/DD 17julho2019