Agência Panafricana de Notícias

Sankara e companheiros enterrados atabalhoadamente quase à superfície de terra

Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - O capitão Thomas Sankara, ex-Presidente burkinabe, e seus 12 companheiros assassinados em 1987 durante um golpe de Estado que conduziu Blaise Compaoré ao poder, foram enterrados rapidamente a 30 e 45 centímetros de profundidade, segundo advogados que assistem desde segunda-feira última à exumação dos restos mortais.

"É um trabalho de arqueologia que está a ser feito, porque são corpos deixados quase a superfície da terra, ou seja a cerca de 45 centímetros de profundidade. Já foram descobertos os primeiros elementos, precisamente ossadas e pedaços de tecidos num fundo vermelho com traços negros num suposto túmulo de Thomas Sankara", explicou Bénéwendé Sankara, um dos advogados do ex-Presidente.

Segundo Ambroise Farama, um outro advogado da família Sankara, "as profundidades dos supostos túmulos variam entre 30 a 45 centímetros. É horrível e desumano", deplorou.

A exumação do corpo de Thomas Sankara começou segunda-feira no cemitério de Dagnoen, no leste da cidade de Ouagadougou, sob alta vigilância policial.

Esta operação acompanhada com grande interesse no Burkina Faso e liderada por três médicos, um Francês e dois Burkinabes, permitirá determinar, graças a testes ADN, se se trata efetivamente do corpo do antigo Presidente.

Terça-feira, foram desenterrados cinco corpos, designadamente o de Thomas Sankara, os de Abdoulaye Guem, Der Somda, Laye Ouali, Sibiri Zagré, seus companheiros, enquanto dois foram descobertos um dia antes.

"Vai haver um trabalho balístico. Todos os túmulos estão a ser revistados e a terra peneirada. É por isso que se pode ficar mais de quatro horas num túmulo porque quando se extraí os restos, o solo é pesquisado cuidadosamente com aparelhos", explicou Sankara.

Thomas Sankara incarnou e dirigiu a revolução burkinabe de 4 de agosto 1983 até o seu assassinato com doze outras pessoas, durante um golpe de Estado que conduziu Blaise Compaoré ao poder, a 15 de outubro de 1987.

A justiça burkinabe, sob o regime Comparé, teve dificuldades em dar sequência favorável a este caso mas a família Sankara informou o Tribunal Africano dos Direitos Humanos, que ordenou em 2008 ao Governo do Burkina Faso para autorizar buscas necessárias mas sem sucesso.

Desde março último, ou seja quatro meses depois da destituição do regime de Blaise Compaoré, o Governo de transição autorizou a exumação do corpo de Thomas Sankara com o objetivo de o identificar formalmente.

-0- PANA NDT/TBM/MAR/DD 27maio2015