Agência Panafricana de Notícias

SADC prepara campanha para levantamento de sanções contra Zimbabwe

Luanda- Angola (PANA) -- A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla em inglês) vai preparar, nos próximos dias, uma missão destinada a persuadir o Ocidente a levantar as suas sanções impostas ao Zimbabwe, revelou quarta-feira, em Luanda, fonte oficial angolana.
De acordo com o secretário de Estado angolano das Relações Exteriores, George Chikoti, citado pela Agência Angola Press (Angop), tal iniciativa foi decidida pelos chefes de Estado e de Governo da SADC durante a sua 30ª cimeira ordinária decorrida terça-feira, na capital namibiana, Windhoek.
O encontro de Windhoek concluiu que as referidas sanções "têm um impacto negativo sobre a população e alguns países vizinhos".
Por isso, apelou à comunidade internacional para levantar as sanções contra o Zimbabwe por achar igualmente que "estão ultrapassadas as razões da sua aplicação para além dos efeitos negativos sobre o país e a região".
"A economia do Zimbabwe era dinâmica e exercia uma grande influência sobre alguns países da região, e essas sanções atingem negativamente a população zimbabwena, pelo que a SADC pretende intervir para se mudar esse quadro", frisou George Chikoti.
Enquanto órgão de integração regional, a SADC foi criada em 17 de Agosto de 1992, em Windhoek, em substituição da Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral (SADCC, sigla inglesa) cujo tratado foi adotado em 1 Abril de 1980, em Lusaka (Zâmbia).
Ela conta atualmente 15 países-membros (África do Sul, Angola, Bostwana, ilhas Maurícias, ilhas Seicheles, Lesoto, Malawi, Madagáscar, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe).
A sua nova iniciativa contra as sanções internacionais impostas a um dos seus membros (Zimbabwe) surge pouco depois do anúncio da renovação de tais medidas, por mais um ano, pela União Europeia (UE) que considera que o país fez poucos progressos.
O Comité dos Representantes Permanentes da UE decidiu, na semana passada, na capital belga (Bruxelas) pelo prolongamento das sanções até Fevereiro de 2011.
A UE alega "falta de progessos suficientes" na aplicação do acordo global de reconciliação nacional concluído entre o regime do Presidente Robert Mugabe e o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, oposição) do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai.
As sanções em causa, aprovadas pela primeira vez em 2002, visam 142 personalidades próximas do Presidente Mugabe, bem como empresas zimbabweanas que financiam a ZANU-PF, o partido no poder.
Os dirigentes visados estão proibidos de estada na Europa e os haveres das empresas abrangidas estão bloqueados nos bancos europeus.
As sanções foram tomadas contra a política de reforma agrária então levada a cabo pelo Presidente Mugabe que despojou fazendeiros zimbabweanos brancos das explorações agrícolas concedidas a seus compatriotas negros, na sua maioria veteranos da luta de libertação nacional pertencentes à ZANU-PF.
Em 2009, após largos meses de negociações que se seguiram a uma violenta crise pós-eleitoral, foi formado no país um Governo de união nacional integrado nomeadamente por representantes da ZANU-PF e do MDC.