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Rússia pede desculpas pelos transtornos do insucesso de primeiro satélite angolano

Luanda, Angola (PANA) - A Rússia pediu desculpas pelos transtornos causados pelo insucesso do primeiro satélite angolano (Angosat1), que vinha registando "falhas técnicas" desde o seu lançamento em dezembro de 2017, antes da confirmação oficial da sua inoperância, segunda-feira.

O erro foi assumido pelo chefe da delegação da construtora russa do aparelho, Frolov Petrovich, que entretanto agradeceu a Angola "pela oportunidade dada para o corrigir".

Frolov Petrovich falava em conferência de imprensa, segunda-feira, em Luanda, destinada a esclarecer o “estado de saúde” do Angosat1, que vai ser substituído por um segundo satélite (Angosat2) a ser construído nos termos de um novo acordo assinado no mesmo dia.

O Angosat2 começa a ser construído a partir desta terça-feira, com previsão de lançamento em 2020, sem custos para Angola.

Para compensar os prejuízos provocados pela inoperância do Angosat1, o acordo prevê que a Rússia disponibilize sinal de satélite gratuito até ao lançamento do Angosat2.

O primeiro satélite foi lançado em órbita pelo foguete Zenit, a partir do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão, e, alguns dias depois, a indústria espacial comunicou a perda de contacto com o Angosat1, que foi construído por um consórcio russo liderado pela corporação RKK Energia.

O responsável pela construção do Angosat1, Igor Frolov, explicou que o trabalho teve início em 2006 e, até à altura do lançamento, em 2017, a especificação do aparelho não estava ajustada à realidade atual.

Neste momento, disse, foi criada uma comissão para avaliar as razões específicas da falta de comunicação, que serão apresentadas até 15 de maio.

“O Angosat1 teve muitos períodos de falta de comunicação entre os centros de controlo da Rússia e de Angola, desde o dia 30 de janeiro. O trabalho de restauração tem sido feito, mas sem sucesso, por falta de comunicação", afirmou.

Segundo Frolov, as operações com o satélite foram suspensas para não pôr em risco outros aparelhos que se encontram em fase geostacionária.

"Até ao momento não tivemos resultados positivos, mas vamos esperar pelo trabalho até ao dia 15 de maio”, esclareceu o construtor do Angosat1, indicando que, caso a comunicação com o satélite seja restabelecida, vai depender de Angola se continua com o Angosat1.

Nos termos do que está estabelecido no contrato, frisou, se Angola optar por ficar com o Angosat2, o primeiro poderá ser utilizado para ações de formação e outros testes.

Sem precisar montantes, o engenheiro russo afirmou que os custos do Angosat2 serão superiores ao do Angosat1, com um tempo de vida útil de 18 anos.

“Nunca tivemos problemas desta natureza com satélites porque em terra, antes, é possível prever as anomalias que de imediato são resolvidas. O único caso que tivemos nesta empresa foi há 45 anos, que envolveu a morte de três astronautas. Neste momento só a Rússia e a China fazem lançamentos de satélites”, disse Igor Frolov.

O Angosat1 foi construído na Rússia nos termos de um acordo assinado, em 2009, e custou 360 milhões de dólares americanos financiados pelo Estado angolano.

Tem um seguro de 120 milhões de dólares americanos, que prevê a sua substituição, a custo zero, em caso de eventual destruição ou desaparecimento.

A sua entrada em operações estava prevista para este mês de abril, mas foram registadas "perturbações" no seu funcionamento, desde o lançamento oficial, segundo o ministro angolano das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha.

Na conferência de imprensa realizada com a participação de especialistas russos, o ministro disse que os últimos testes efetuados, até domingo passado, mostram que o Angosat1 "continua em órbita, mas não apresenta os parâmetros para os quais foi contratado".

O satélite angolano possuía um centro primário de controlo e missão em Angola, na comuna da Funda, norte da província de Luanda, a capital, e outro secundário na Rússia, em Korolev.

-0- PANA IZ 24abril2018