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Rússia pede consenso sobre figura de primeiro-ministro na Líbia

Tripoli, Líbia (PANA) – A Rússia exprimiu o desejo de ver a classe política na Líbia chegar muito brevemente a um acordo sobre a personalidade a indicar para o posto de primeiro-ministro em substituição do demissionário Ali Zeidan, noticiou esta quinta-feira a agência Interfax, citando o porta-voz oficial do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Allexandre Lukanovic.

Ao comentar a destituição de Ali Zeidan, o porta-voz russo declarou ser necessário, para o período de transição, instalar "serviços estatais eficazes e perenes".

"A persistência da situação difícil e instável na Líbia suscita reais preocupações. É certo que é difícil instaurar a estabilidade", disse o governante russo, acrescentando que a Rússia "está consciente de que os próprios Líbios medem a importância de se livrarem desta crise”.

Para alcançar esta meta, é necessário chegar a um largo consenso em torno da estruturação do Estado no futuro que deve considerar os interesses de todas as forças políticas e regionais bem como das classes sociais e grupos étnicos.

Demitido terça-feira pelo Congresso Nacional Geral (CNG, Parlamento), Ali Zeidan foi em seguida proibido de deixar o território líbio pelo procurador-geral, Abdelkader Radhouan.

O CNG retirou-lhe a sua confiança na sequência da crise provocada por um navio petroleiro de pavilhão norte-coreano que atracou ilegalmente nas águas territoriais líbias para carregar petróleo no porto de al-Sedra, controlado por milícias armadas autonomistas no leste do país.

Segundo o procurador-geral, Ali Zeidan deve ainda responder por desvio de fundos públicos avaliados em 30 milhões de dinares líbios (1 dólar americano equivale 1,25 dinar líbio) entregues a grupos armados que bloqueiam os terminais petrolíferos no leste do país.

Porém, informações divulgadas por cadeias de televisão líbias dão conta de que o primeiro-ministro demissionário deixou o país a bordo dum avião privado, pouco antes do anúncio da sua proibição de sair do território nacional.

A sua demissão é também o desfecho dum braço-de-ferro entre o Governo e o CNG que se atribuíam mutuamente a responsabilidade pelo fracasso na condução dos assuntos do país.

Confrontado com uma moção de censura contra o seu Governo desde dezembro de 2013, Zeidan conseguiu manter-se pois o CNG não atingia o quórum de 120 deputados necessário para o destituir.

A crise provocada pela operação de venda ilegal do petróleo bruto, implicando o petroleiro norte-coreano, e pela incapacidade das autoridades de impedir este barco de carregar ao largo das suas costas o petróleo a partir dum porto controlado por um grupo armado autonomista culminaram rapidamente na demissão de Zeidan, afirmam observadores da cena política líbia.

Ali Zeidan é igualmente acusado de não ter conseguido restabelecer a estabilidade e a segurança no país.

-0- PANA AD/IN/JSG/FK/IZ 13março2014