Rússia desmente pressão sobre Cabo Verde no caso do empresário Alex Saab
Praia, Cabo Verde (PANA) – O embaixador da Rússia, em Cabo Verde, Vladimir Grigorievich, considerou “absurdo” e “sem sentido” que o seu país esteja a exercer alguma pressão junto das autoridades cabo-verdianas no caso que envolve o empresário colombiano Alex Saab.
Este último foi detido pela Interpol e pelas autoridades policiais cabo-verdianas, na ilha do Sal, em 12 de junho, com base num mandado de captura internacional emitido pelos Estados Unidos, por alegados negócios ilícitos com o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Em entrevista sábado à Radio de Cabo Verde, o diplomata russo desmentiu categoricamente a notícia que circulou nalguma imprensa internacional, dando conta de uma alegada intervenção da Rússia a favor do empresário.
Alex Saab alega ter sido detido de forma ilegal pelas autoridades cabo-verdianas, quando o seu avião escalou a ilha do Sal, no regresso de uma missão no Irão, a serviço da Venezuela.
Quando confrontado com o assunto, Vladimir Grigorievich fez questão de dar explicações sobre os princípios básicos da política externa da Rússia, apontando que deles não fazem parte a pressão, a interferência nos assuntos internos dos Estados soberanos nem a chantagem.
“A Rússia nunca usou, e não usa, esses métodos. Pelo contrário, usa outros princípios que estão descritos no conceito da política externa da Federação Russa, aprovado pelo Presidente russo, Vladimir Putin”, precisou.
O embaixador russo apontou um segundo ponto que diz respeito a princípios fundamentais nas relações modernas entre Rússia e Cabo Verde, que hoje se desenvolvem "com sucesso", sublinhando que "foi criada uma atmosfera muito boa, de entendimento mútuo” entre os dois países.
“Existem mecanismos eficazes para a solução construtiva de quaisquer questões no interesse dos dois países. Como pode ver agora, nestas condições, qualquer pressão de ambos os lados é simplesmente absurda e sem sentido", afiançou.
Vladimir Grigorievich destacou também o facto de, em Cabo Verde, o judiciário ser independente da política, onde "existem juízes altamente profissionais".
“A Rússia apoia a posição do Governo cabo-verdiano de que o destino do senhor Alex Saab deve ser determinado pela decisão do tribunal da ilha de São Vicente. Temos a certeza de que uma decisão objetiva, equilibrada e justa será tomada", finalizou.
Num comunicado divulgado sexta-feira, a Procuradoria Geral da Republica (PGR) de Cabo Verde esclareceu que o processo de extradição do empresário, com nacionalidades colombiana e venezuelana, comporta uma fase administrativa e outra judicial.
Na fase administrativa, explicou, há a intervenção da ministra da Justiça, enquanto que a judicial, cuja decisão cabe ao Tribunal da Relação de Barlavento, "se inicia após a decisão favorável do pedido de extradição pelo mencionado governante”.
A PGR recorda que o detido tinha sido presente a um juiz do Tribunal Judicial da Comarca do Sal, para primeiro interrogatório judicial e que decretou a sua prisão preventiva.
Entretanto, o empresário foi transferido, em 16 de junho, para a ilha de São Vicente, sede do Tribunal da Relação do Barlavento, jurisdição de segunda instancia que tem a competência em matéria de extradição.
Esta jurisdição "validou e ratificou" a decisão do Tribunal Judicial da Comarca do Sal, determinando a manutenção da detenção provisória do detido, para efeitos de aguardar pedido de extradição para o Estado requerente.
-0- PANA CS/IZ 21junho2020