Rui Figueiredo acumula pasta de Negócios Estrangeiros e Defesa em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O atual ministro cabo-verdiano da Integração Regional, Rui Figueiredo, passa a acumular, a partir de quinta-feira, as pastas de Negócios Estrangeiros e Defesa, apurou a PANA de fonte segura.
O governante tem doravante reponsabilidades acrescidas na sequência da demissão do ministro dos Negócions Estrangeiros e Defesa, Luís Filipe Tavares, na sequência duma polémica que relaciona autoridades cabo-verdianas com o partido português da extrema-direita, Chega.
Em causa neste caso, que já levou a oposição a pedir explicações ao Governo, está uma reportagem da estação televisiva portuguesa SIC sobre o Chega, emitida segunda-feira última.
Segundo esta reportagem, o financiador daquele partido de extrema-direita, um cidadão português, foi nomeado cônsul honorário de Cabo Verde na Florida, nos Estados Unidos.
O demissionário ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano justificou o seu pedido de exoneração pela vontade de "poupar Cabo Verde ao desgaste" provocado pela associação de um cônsul honorário à extrema-direita portuguesa.
Empossado ao fim da tarde de quinta-feira, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros e Defesa, Rui Figueiredo, anunciou que vai dar continuidade ao processo de abertura das embaixadas de Cabo Verde na Guine-Bissau e na CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).
“Nós temos este desígnio agora na parte final da legislatura. Estamos a insistir no sentido de termos estas duas representações diplomáticas que serão importantes, sendo que na Guiné-Bissau, tendo em conta as nossas relações antigas com o país irmão, faz todo o sentido”, referiu.
Na ocasião, reconheceu que terá apenas três meses para concluir este dossiê, mas sublinhou que não haverá grandes alterações, graças à “forma brilhante” como Luís Filipe Tavares desempenhou as suas funções e que deu uma “lufada de ar fresco” à política externa cabo-verdiana.
Para o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, Rui Figueiredo tem uma experiência governativa e irá desempenhar as suas funções, tendo em conta as prioridades do Governo, que passa pela abertura da embaixada de Cabo Verde na Guine-Bissau e na Nigéria, e junto da CEDEAO.
“Continuar o nosso trabalho junto dos nossos parceiros de desenvolvimento, particularmente nesta fase muito exigente de combate à covid-19”, apontou o chefe do Governo, que adiantou que Rui Figueiredo irá continuar com a pasta da Integração Regional.
“São áreas que se complementam, a integração regional e os negócios estrangeiros, particularmente naquilo que é a nossa prioridade, que é concretizar a vontade política de abrir a embaixada na Guiné-Bissau por pertencer a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e pelas relações históricas, e na CEDEAO, pela nossa integração regional”, indicou.
Rui Alberto de Figueiredo Soares, doutorado em Ciências Jurídico-Civis e mestre em Psicologia e Ciências da Educação, foi deputado da nação, eleito pelo círculo eleitoral de São Vicente.
Também foi presidente da direção do grupo parlamentar do MpD (Movimento para a Democracia), partido no poder, cargo para o qual foi eleito, pela primeira vez, em abril de 2016, tendo sido escolhido para assumir a pasta da Integração Regional após a morte do então titular da pasta, Júlio Herbert.
Figueiredo já exerceu cargos de ministro dos Negócios Estrangeiros, ministro da Presidência do Conselho de Ministros, ministro da Saúde, secretário de Estado da Juventude e Desporto, embaixador plenipotenciário de Cabo Verde em Paris (França), chefe de Unidade da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação Ciências e Cultura).
Participou em várias missões de terreno, em particular para a cultura de paz em situações pós-conflito.
-0- PANA CS/DD 15jan2021