Ritmo de crescimento económico continua a abrandar em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – O ritmo de crescimento económico continua a abrandar em Cabo Verde, tendo, no terceiro trimestre de 2020, registado o valor mais baixo dos últimos 17 trimestres consecutivos, o que evidencia que o clima de negócios no país continua ainda desfavorável, apurou a PANA, sexta-feira, de fonte segura.
De acordo com dados dos Inquéritos de Conjuntura aos Agentes Económicos, realizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), para esta evolução desfavorável, no referido período, contribuiu, sobretudo, o setor do turismo.
Neste setor, segundo a fonte, constatou-se que o indicador de confiança manteve a tendência descendente dos últimos trimestres, apresentando o valor mais baixo dos últimos 20 trimestres consecutivos, ou seja, dos últimos cinco anos.
Empresários do setor apontaram vários fatores determinantes desta situação, destacando os relacionados com a pandemia da covid-19 e uma fraca procura como sendo os principais obstáculos ao setor neste trimestre.
O inquérito do INE dá conta também que estes mesmos fatores justificaram a conjuntura desfavorável no setor dos transportes e serviços auxiliares aos transportes, cujo indicador inverteu a tendência descendente dos últimos trimestres, embora abaixo da média da série, evoluindo negativamente face ao trimestre homólogo.
Outros setores que contribuíram para esta evolução negativa do ritmo de crescimento económico em Cabo Verde são o comércio em estabelecimentos e o comércio em feira.
No que se refere ao comércio em estabelecimentos, o INE adianta que o indicador de confiança contrariou a tendência ascendente do último trimestre, situando-se abaixo da média da série, dando sinais de que a conjuntura no setor é desfavorável.
As dificuldades financeiras e a insuficiência da procura foram os principais constrangimentos apontados pelos agentes do setor.
Já em relação ao comércio em feira, o indicador de confiança manteve o mesmo nível, relativamente ao trimestre homólogo, evoluindo negativamente face ao mesmo período do ano de 2019.
Em sentido contrário, estiveram os setores da construção e da indústria transformadora em que indicadores se situaram acima da média da série e, evoluiram positivamente face ao trimestre homólogo, resultando numa conjuntura favorável nos mesmos.
No entanto, empresários indicaram o nível elevado da taxa de juros e as dificuldades na obtenção de crédito bancário, no setor da construção, e frequentes avarias mecânicas nos equipamentos e dificuldades financeiras a nível da indústria transformadora como sendo os principais constrangimentos no terceiro trimestre de 2020.
Para o ainda em curso, o Banco de Cabo Verde (BCV) admite que a recessão esperada será mais profunda, podendo atingir uma contração de 11 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), devido aos riscos que a economia cabo-verdiana ainda enfrenta, sobretudo devido à pandemia da covid-19.
-0- PANA CS/DD 07nov2020