Remessas de emigrantes cabo-verdianos baixam em Cabo Verde desde março de 2020, diz relatório
Praia, Cabo Verde (PANA) - Bancos cabo-verdianos contavam em setembro último com depósitos de emigrantes de mais de 53 mil 603 milhões de escudos (483,7 milhões de euros), o que representa a sétima quebra mensal consecutiva neste ano, desde março último, mês do inicio da pandemia da covid-19 no arquipelago, apurou a PANA, sexta-feira, de fonte segura.
Segundo um relatório estatístico mensal do Banco de Cabo Verde (BCV), com dados dos primeiros nove meses de 2020, os depósitos dos emigrantes cabo-verdianos nos bancos do país já estavam em queda desde o início da pandemia e, em sete meses, já perderam mais de 3,2 milhões de euros.
Esta redução aconteceu, apesar de em fevereiro último, antes dos primeiros efeitos da pandemia de covid-19 na generalidade dos países, e após aumentos mensais consecutivos, estes depósitos tinham atingido um máximo histórico de 53 mil 958 milhões de escudos (486,9 milhões de euros).
Já no que se refere as remessas enviadas pelos emigrantes cabo-verdianos para o arquipélago aumentaram 13,5 por cento no primeiro semestre do ano de 2020, face ao ano de 2019, para o equivalente a 480 mil euros por dia.
Segundo cálculos com base nos dados do Banco Central, eles enviaram remessas no valor de mais de nove mil 681 milhões de escudos (87,5 milhões de euros) nos primeiros seis meses do ano, valor superior aos quase oito mil 531 milhões de escudos (77,1 milhões de euros), enviados no mesmo período de 2019.
Conforme ainda o BCV, apesar do crescimento, nos primeiros seis meses, já no segundo trimestre de 2020, registou-se uma quebra de 8,5 por cento no envio de remessas, que passaram de um total superior a cinco mil 55 milhões de escudos (45,7 milhões de euros) de janeiro a março últimos, para quatro mil 626 milhões de escudos (41,8 milhões de euros) de abril a junho últimos.
O relatório realça que o valor mensal mais baixo em vários anos assinalou-se mesmo em abril último, pico do confinamento internacional devido à pandemia da covid-19, com apenas mil 177 milhões de escudos (10,6 milhões de euros) em remessas enviadas para o país.
Segundo os mesmos dados, os Cabo-verdianos a trabalharem no estrangeiro enviaram para as suas famílias do país cerca de 17 mil milhões de escudos em 2016.
Em 2017, aumentaram as divisas para 19 mil milhões de escudos, ao passo que, em 2018, transferiram cerca de 21 mil milhões de escudos, e, de janeiro a novembro de 2019, 17.434 milhões de escudos, ou seja, montantes significativos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago.
Cabo Verde é um dos países que mais depende financeiramente das remessas dos seus emigrantes residentes em Portugal, em França, na Holanda ou nos Estados Unidos, refere-se.
Calcula-se que o dinheiro enviado por quem trabalha no estrangeiro seja superior à ajuda ao desenvolvimento ou ao investimento direto estrangeiro no país, segundo as mesmas cifras.
-0- PANA CS/DD 14nov2020