Remessas de emigrantes cabo-verdianos sobem 6%
Praia, Cabo Verde (PANA) – As remessas dos emigrantes cabo-verdianos para o seu país de origem registaram, em 2018, um aumento de seis por cento, em relação ao ano anterior, apurou a PANA quinta-feira, na cidade da Praia.
Segundo o Banco de Cabo Verde (BCV, central), as remessas têm vindo a atingir, nos últimos anos, níveis recordes, num país que mais depende financeiramente das remessas dos seus emigrantes residentes em Portugal, França, Holanda ou Estados Unidos.
O arquipélago recebeu mais de 21 mil milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 190 milhões de euros), uma soma considerável, tendo em conta que Cabo Verde é um país com menos de meio milhão de habitantes.
A importância das remessas para a economia do país também tem vindo a aumentar, como refere o economista cabo-verdiano Paulino Dias, em entrevista à radio alemã Deutsche Welle (DW).
"As remessas de emigrantes, aqui em Cabo Verde, cumprem grandes funções para a estabilidade da economia e até para o crescimento. A primeira função é alimentar o consumo, sobretudo das famílias recetoras das remessas.
"Um outro papel importante é o investimento direto dos emigrantes nas suas comunidades de origem. Quer, por exemplo, através do investimento direto em habitações, quer através do investimento produtivo", explicou.
De acordo com um estudo do Banco Mundial (BM), citado pela DW, O que se verifica em Cabo Verde é constatado também noutros países africanos e um pouco por todo o mundo.
Financiado em grande parte pelo Governo alemão e lançado, em abril passado, o estudo refere que nunca antes na história foram transferidas somas tão grandes por pessoas que vivem fora do seu país de origem.
Em 2018, foram oficialmente 430 mil milhões de dólares americanos, dos quais 64 mil milhões de dólares para os países da África Subsariana, precisam os peritos do BM autores do documento.
No ano corrente, os emigrantes africanos deverão transferir mais de 50 mil milhões de dólares em remessas para os seus amigos e familiares, nos países de origem, refere Dilip Ratha, o chefe da "Migration and Remittances Unit", a secção do Banco Mundial que se ocupa de questões ligadas às migrações e remessas.
Segundo ele, os 430 mil milhões de dólares em remessas a nível mundial constituem apenas o valor oficial, pois que "a verdadeira dimensão das remessas é, provavelmente, três vezes maior".
"Mesmo se fossem apenas 400 mil milhões de dólares, esse valor seria três vezes maior do que o valor do apoio ao desenvolvimento disponibilizado a nível global. Estamos, portanto, a falar de valores astronómicos", rematou.
-0- PANA CS/IZ 02ago2019