Agência Panafricana de Notícias

Relatório destaca impacto da revolução tunisina na economia nacional

Túnis, Tunísia (PANA) - Os efeitos das tensões decorrentes do choque conjuntural do início de 2011 são muito mais difusos e ambíguos sobre a economia nacional tunisina que os da última crise mundial de 2007-2009, segundo um relatório do Observatório das Condições Económicas (OCE) do Ministério tunisino do Planeamento e Cooperação Internacional.

O relatório citado quinta-feira pela Agência de Notícias da Tunísia (TAP) refere que os acontecimentos que acompanharam o derrube do Presidente Zine El- Abidine Ben Ali submeteram o sistema económico nacional a "uma convulsão brutal", particularmente nos setores do turismo, do comércio externo e dos investimentos estrangeiros bem como na taxa de inflação.

O documento do OCE precisa que o setor do turismo, o segundo maior depois do das exportações de produtos industriais, foi o mais afetado com uma queda de cerca de 40 por cento nas receitas que atingiram 190,1 milhões de dinares, até 28 de fevereiro, e de 60,5 porcento nas estadias.

Assim, os ativos líquidos em divisas continuaram o refluxo iniciado no início de 2010 para se situar em -5,6 porcento nos primeiros dois meses.

Quanto ao setor do comércio externo, o documento constata um "colapso" das exportações durante o mês de janeiro (-20 porcento) em comparação com o de dezembro, segundo dados mensais do volume das exportações.

Esta evolução é devida aos movimentos feitos pelas unidades offshore, que compensaram o abrandamento da atividade durante o mês anterior, para aumentar novamente o ritmo de progressão das suas exportações para mais de 20 porcento face ao ano anterior.

Além disso, o défice da balança comercial em dois meses foi de 871,7 milhões de dinares para uma taxa de cobertura de 80,9 porcento contra os 1070,3 milhões e 76 porcento no final de fevereiro de 2010.

Por outro lado, os fluxos de investimentos estrangeiros também encolheram durante o mês de janeiro, alcançando 116,4 milhões de dinares contra 142,2 milhões em 2010, ou seja, uma descida de 22 porcento

Enquanto isso, as intenções de investimento identificadas pela Agência de Promoção da Indústria e Inovação (APII) registaram um aumento de 9,7 porcento nos primeiros dois meses devido a uma duplicação dos investimentos previstos no setor agroalimentar, mas com reduções significativas nas indústrias mecânica e elétrica (-46 porcento), dos têxteis e de couro (-50,3 porcento) e dos produtos químicos (-61 porcento).

O relatório indica que o ano de 2010 terminou com uma inflação média de 4,4 porcento que, no entanto, ficou estável no final das atividades anuais em quatro porcento após uma alta de 5,2 porcento em fevereiro.

O início do ano, porém, foi marcado por um declínio no índice geral dos preços em janeiro (-0,1 porcento), esperando-se que, nos próximos meses, a inflação estimada em 2,9 porcento em fevereiro aumente gradualmente para se estabilizar no verão, a um nível de 3,3 porcento.

-0- PANA FA/BY/AAS/SOC/CCF/IZ 25março2011