Agência Panafricana de Notícias

Refugiados somalís afluem a campos do norte do Quénia

Nairobi Quénia (PANA) -- A eleição dum novo Presidente na Somália no início do ano foi insuficiente para travar a onda de Somalís que procuram refúgio nos campos sobrepovoados de Dadaab, no nordeste do Quénia, indicou no fim-de-semana o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Desde o início do ano, mais de 20 mil novos refugiados foram registados nos três campos que compõem o complexo de Dadaab-Hagadera, Ifo e Dagahaley - segundo um comunicado do ACNUR.
Vários novos refugiados interrogados pelo ACNUR denunciam a insegurança crescente, sobretudo nas regiões do médio e do baixo Juba, além da seca e da falta de alimentos como as principais causas da sua partida da Somália.
Muitos deles exprimiram o seu pessimismo quanto ao regresso, a curto prazo, da paz às suas localidades respectivas.
Apesar da eleição em Janeiro dum islamita moderado, Sheik Sharrif Sheik Ahmed, na presidência da Somália, a insegurança ainda reina em várias partes do país, o que explica por que as eleições foram organizadas entre os legisladores somalís em Djibuti.
O ACNUR continua a receber e registar novas chegadas de refugiados somalís apesar de a capacidade dos campos estar muito largamente ultrapassada.
Os campos concebidos há quase duas décadas para receber um máximo de 90 mil pessoas contam hoje mais de 261 mil, tornando o complexo de Dadaab num dos maiores e mais povoados sítios de refugiados do mundo.
O ACNUR está em negociações com o Governo queniano para a atribuição de novas terras para a construção de novos sítios, mas ainda nada está finalizado.
"Temos contudo enormes dificuldades para receber e alojar os refugiados", declarou o porta-voz do ACNUR, que acrescentou ser urgente para o Governo atribuir, logo que possível, terras "para construirmos outros campos e assim descongestionar os já existentes e preparar a recepção de mais pessoas se a tendência actual persistir".
Perto de metade das novas chegadas são mulheres e crianças muitas das quais exaustas pelas longas distâncias de viagem, às vezes em estradas desviadas para evitar possíveis ataques de bandos armados ao atravessar a fronteira.
À sua chegada, eles procuram parentes, aliados ou membros do seu clã nos campos de Ifo e de Dagahaley, uma vez que o ACNUR já não dispõe de terras para lhes permitir a sobrevivência.
"Receamos que esta situação se deteriore mais ainda uma vez começada a estação das chuvas, devido aos constrangimentos de abrigos.
A próxima época pluviométrica está prevista para o início de Abril próximo", declarou o porta-voz do ACNUR.
Os campos de refugiados de Dadaab foram criados em 1991 e 1992, na sequência da queda do Governo de Siad Barre na Somália.
A guerra civil vivida na Somália há 18 anos já ocasionou milhares de mortos e deslocamentos maciços de populações.