Agência Panafricana de Notícias

Rebelião burundesa exige soltura de um milhar de seus quadros presos

Bujumbura- Burundi (PANA) -- O Partido para a Libertação do Povo Hutu/Frente Nacional de Libertação (PALIPEHUTU-FNL) reivindicou sexta-feira um milhar de presos políticos e de guerra elegíveis a uma "amnistia provisória".
Esta reivindicação do último movimento rebelde burundês ainda activo acontece numa altura em que o Estado se prepara para libertar apenas 247 no âmbito da aplicação efectiva do acordo global de cessar-fogo assado pelos dois beligerantes desde a 7 de Setembro de 2006.
"O trabalho de inventário já realizado autorizava a libertação imediata de pelo menos 442", informou a PANA o porta-voz do PALIPEHUTU-FNL no seio do Mecanismo Conjunto de Verificação e Seguimento (MCVS) do acordo de cessar-fogo, Anatole Bacanamwo.
O porta-voz rebelde declarou-se esperançado quanto à libertação proximamente de todos os presos rebeldes que o merecem, "desde que as diferentes partes manifestem a vontade neste sentido".
O chefe do Estado burundês, Pierre Nkurunziza, assinou, quarta-feira passado, um decreto relativo à soltura de 247 reclusos rebeldes só.
O decreto devia, por outro lado, entrar em vigor no dia da assinatura, mas até hoje sexta-feira ainda não vigorou.
O porta-voz do ministério burundês da Justiça, André Ntahomvukiye, deu a conhecer à imprensa que o decreto ainda não se efectivou devido às festas de fim de ano.
O PALIPEHUTU-FNL, que tem também obrigações a cumprir no acordo global de cessar-fogo, deverá desencadear, a partir de domingo próximo, uma campanha de sensibilização dos seus militantes e simpatizantes à mudança da sua denominação, que condiciona o seu reconhecimento como partido político.
A Constituição em curso no Burundi não autoriza a existência legal de partidos políticos de conotação étnica, religiosa ou regional.
Os países membros da Iniciativa Regional de Paz para o Burundi davam até a 31 de Dezembro de 2008 às partes beligerantes para remover os últimos obstáculos à aplicação efectiva do acordo de cessar-fogo.
A data limite expirou mas o movimento rebelde ainda não reuniu todos os seus combatentes seus candidatos à desmobilização, por ausência de zonas de acantonamento bem estabelecidos.
A aplicação do acordo de cessar-fogo, nos prazos previstos, foi igualmente retardada pela recusa categórica pelo PALIPEHUTU-FNL de pastas, que qualificou de "migalhas", propostas pelo Estado burundês aos quadros deste movimento em diferentes instituições do poder.