Reações hostis à decisão de primeiro-ministro de excluir partidos políticos do Governo na Tunísia
Túnis, Tunísia (PANA) - A decisão do novo primeiro-ministro tunisino, Habib Jemli, de descartar do seu Governo ministros saídos de partidos políticos suscitou vivas reações hostis e céticas sobre a justeza desta escolha no meio duma situação económica e social difícil que prevalece atualmente no país.
Para muitos observadores e analistas políticos, a atual situação socioeconómica do país necessita da conjugação de todos os esforços e do respeito da vontade dos eleitores que votaram nas formações políticas que compõem o Parlamento eleito.
Esses observadores duvidam sobre como poderá o Governo resistir sem um "cinto de segurança" político constituído pelos partidos presentes no Parlamento saído das legislativas de 6 de outubro último.
“Onde vai ele buscar o cinto político do Governo? Quem votará a confiança para o seu Governo? Vai beneficiar do apoio dos partidos e dos independentes?", interroga-se Walid Jalal, deputado e dirigente do movimento Tahya Tounes, que se declarou surpreso, terça-feira, com a iniciativa do novo primeiro-ministro.
O deputado considera que estas questões "provam" que Jemli foge das suas responsabilidades, acrescentando que este Governo é o do movimento islamo-conservador, Ennhada, já que Jemli foi designado pelo Ennahda”.
Por seu turno, o chefe do Partido Destouriano Livre, Abir Moussi, considerou, numa declaração à imprensa, terça-feira, que a decisão de Jemli de formar um Governo de competências nacionais, sem associar os partidos políticos é uma operação “teatral”.
Para o presidente do bloco parlamentar da Reforma Nacional, não cabe ao primeiro-ministro “formar um Governo de competências e partir para a aventura”, mas responsabiliza os partidos vencedores das legislativas, nomeadamente o movimento Ennahda, pela situação de bloqueio atualmente prevalecente no país.
-0- PANA YY/IN/BEH/MAR/IZ 26dez2019